Estamos vendo uma nova guerra no oriente médio entre Israel e Hamas, mas no mundo todo é possível verificar a existência de um outro tipo de guerra: A guerra de narrativas.
Tornou-se comum nos meios de comunicação a disseminação de informações sobre a guerra em Israel e sobre os povos envolvidos no conflito. Algumas notícias e opiniões se baseiam em fatos, na história e na geopolítica do oriente médio. Outras, nem tanto. Neste contexto, Israel, claramente, está vencendo a guerra nos campos de batalha, mas o Hamas, com o apoio da máquina de propaganda, está, infelizmente, vencendo a guerra da informação. Consequentemente, está conseguindo conquistar corações e mentes ao redor do mundo, gerando uma onda de antissemitismo por todo o globo.
É comum encontrarmos imagens e vídeos que reproduzem jargões e palavras de ordem, como se Israel fosse um senhor de escravos que os mantivesse sob um regime semelhante ao apartheid, dando a entender que todo território de Israel pertence aos palestinos e, simplesmente, não tem o direito de existir. Ainda mais preocupante é que pessoas comuns, bem intencionadas, que não são militantes acreditam neste tipo de falácia e acabam fazendo coro à narrativa da imprensa, acabando por vezes, mesmo sem perceber, se tornando intransigentes na defesa de ditaduras e de grupos insurgentes como o Hezbollah, em detrimento ao direito de autodefesa de uma democracia, como Israel.
É conhecido os motivos da imprensa tradicional que deixou seu papel de noticiar a verdade e de fiscalizar governos: com a chegada da internet e a possibilidade da produção de conteúdo independente, sobrou apenas o estado como forma garantida de captação de recursos para a mídia. É fácil notar isso, como o caso do jornalista Jorge Pontual, que pediu desculpas, marcando o ministro do atual governo em sua postagem. Outro motivo que merece ser destacado é que grande parte dos jornalistas serem militantes de esquerda, considerando o povo palestino como uma minoria oprimida pelo estado de Israel. Estes jornalistas tendem a considerar verdadeiras a palavra de autoridades e governos, repetindo o discurso do Hamas, que dizia que o hospital em Gaza, havia sido atingido por Israel. O que se provou falso. Ora, será que não sabem que a “autoridade Palestina” em Gaza é o próprio Hamas e as notícias reproduzem a narrativa que os terroristas querem passar ao mundo?
Neste cenário, não é possível confiar no governo ou na imprensa. É necessário que busquemos a verdade por nós. Felizmente, através da informação descentralizada e distribuída, existem mecanismos para isso, seja via criadores de conteúdo diretamente inseridos no contexto onde a guerra está ocorrendo, seja pela OSINT, termo usado para descrever a inteligência obtida por meio de dados disponíveis para o público, como, por exemplo, em plataformas como o X. Usando informações destas fontes, pretendemos hoje desmascarar algumas das principais mentiras sobre Israel, repetidas exaustivamente, podendo enganar algum desavisado.
Entre estas falácias está a de que os árabes estão na região há mais tempo. Obviamente, quem diz isso não conhece a história ou contexto. Os hebreus, denominação antiga da etnia de parte dos judeus, possuem uma história milenar no oriente médio, principalmente ligado à antiga Judéia, que é conhecido como território de Israel e da Palestina. Os primeiros sinais de ocupação na terra outrora conhecida como Canaã, data de aproximadamente 1200 AC. Por volta do ano 1000 AC, já existia um reino estabelecido na região. Deste período, até o ano 100 DC, houve muitos conflitos e a região foi dominada por diferentes povos, como os Assírios, babilônicos, persas, gregos e romanos. Mas, a etnia predominante na região continuou sendo a dos hebreus. Este cenário mudou com as revoltas judaicas dos anos de 70 e 130 DC, no qual ocorreram as diásporas. A maioria deste povo se espalhou, principalmente na Europa. Contudo, houve um remanescente que permaneceu na terra, que posteriormente foi renomeada de Judeia para Palestina.
Neste período, a maioria da população judia, permaneceu fora do local. Houve diversas perseguições, de vários povos. Cabe saber que o início do domínio árabe na região iniciou no século VII, após a conquista pelos árabes nas guerras bizantino-árabes. No fim do século XIX, houve o movimento sionista, que propunha basicamente que os judeus retornassem à região que por tanto tempo no passado fora o seu lar. Entre o fim do século XIX, com o início da Primeira Guerra Mundial, muitos retornaram para as regiões da Palestina e da Transjordânia, até então sob o domínio do império otomano. Neste período muitos adquiriram terras dos árabes, vendidas de forma voluntária, e havia na região convivência majoritariamente pacifica.
Depois da guerra, a Transjordânia e a Palestina ficaram sob domínio britânico por uns 30 anos. Após a Segunda Guerra Mundial, o genocídio judeu, e o aumento das tensões nos países da região, em 1946, o governo britânico, através do tratado de Londres, reconheceu a independência da Transjordânia, atual Jordânia, como um país árabe, com território aproximadamente três vezes maior que a da Palestina. Sabendo que era habitada majoritariamente por judeus e árabes, os britânicos entregaram a questão para a ONU decidir a forma da partilha. Ela, com a participação do brasileiro Oswaldo Aranha, propôs a solução de dois estados. Um estado judeu israelense e outro árabe palestino. Os Israelenses aceitaram a proposta e declararam independência em 1948. Os árabes palestinos, que até então não tinham um estado, não aceitaram a proposta da ONU. Pelo contrário, com outros povos e países árabes da região, atacaram Israel um dia após sua independência. Aqui já vemos a primeira incongruência nos argumentos anti-israel. Não foram os judeus que não aceitaram os árabes, foram eles que, mesmo controlando a vasta maioria dos territórios desta região, não aceitaram um estado judeu. Felizmente para os israelenses, eles foram vitoriosos e não só conseguiram manter a existência do seu estado como assinaram armistícios com os árabes, que expandiam o seu território.
Mesmo após a vitória de Israel na guerra por sua independência, por 20 anos, a faixa de Gaza e a Cisjordânia foram controladas por países árabes. Contudo, eles continuavam não aceitando a existência de Israel e de seu povo, levando a duas novas guerras, a Guerra dos Seis Dias e a Guerra do Yom Kipur. Em ambas, Israel saiu vitoriosa, incorporando mais territórios ao seu estado, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Aqui é possível visualizar um padrão. A narrativa dominante diz que Israel ocupou deliberadamente territórios palestinos, mas foram os árabes, por três vezes, que atacaram Israel buscando exterminar os judeus da região. Porém, Israel conseguiu não só se defender como conquistou territórios dos seus agressores. Porém, essa terra tomada por eles, não os interessava.
O que era o interesse de Israel era a paz, e eles buscaram isso. Seguindo a resolução 242 de 1967 do conselho de segurança da ONU, Israel propôs a troca de terras pela paz, e pelo reconhecimento de seu estado. Em 1979, em acordo com o Egito, Israel devolveu a região do Sinai em troca de um acordo de não agressão, no qual o Egito reconhecia a existência do estado de Israel. Outra forma que Israel tentou a pacificação da região, foi financiando lideranças palestinas que não eram radicalizadas. Neste contexto, Israel financiou o Hamas durante o início desta organização na década de 1970, pois a princípio, a organização havia sido criada como uma instituição de caridade. Como sabemos, não demoraria para que o Hamas se radicalizasse, e se tornasse uma organização terrorista, valendo-se inclusive do uso de homens bomba nos anos 1980.
Nos anos 1990 foram retomadas negociações para que a solução de dois estados pudesse se efetivar. E com a intermediação dos Estados Unidos, Israel e a autoridade palestina, liderada pelo partido Fatah, assinaram os acordos de Oslo, reconhecendo o direito de Israel existir e uma forma de dar fim ao terrorismo. Mas os acordos perderam força quando Israel foi atingida por ataques suicidas do Hamas. Ainda assim, em 2005 Israel se retirou completa e unilateralmente da faixa de Gaza, deixando-a para administração exclusiva dos palestinos, o que muitos hoje apontam como um erro. Já na Cisjordânia atualmente existem zonas de ocupação exclusivas de palestinos, de israelenses, e outras que são mistas. Apesar do governo da autoridade Palestina (OLP), liderada por membros do Fatah, ser menos radical e relativamente amistosa para com Israel, há o receio de que caso as ocupações israelenses sejam abandonadas, palestinos mais radicalizados ou membros do Hamas, tomem o poder, realizando ataques destrutivos como o de 7 de outubro de 2023, principalmente por aquela região estar em terreno elevado e mais próximo das grandes cidades israelenses.
Outra narrativa falaciosa seria a de que um cessar-fogo imediato seja necessário. Ora, não é possível se declarar a favor da paz e pedir um cessar-fogo, sem condenar os agressores. Quem defende a paz, tem que condenar a agressão do Hamas a Israel, como também deve condenar qualquer agressão, seja a nível individual, ou na relação entre países. Tem que condenar a agressão russa à Ucrânia e a eventual agressão da Venezuela à Guiana que se avizinha. Veja, agressão é bem diferente de direito à autodefesa. Se a Ucrânia usa violência defensiva contra a Rússia, é pelo fato de que caso não faça, a Ucrânia e o seu povo simplesmente deixarão de existir. O mesmo serve para Israel, que viu impotente mais de 1500 civis, entre eles, mulheres, crianças e bebês inocentes serem brutalmente violentados e mortos sem distinção.
Quem não diferencia o agressor da vítima e condena ambos lados, como o atual presidente do Brasil o faz, está, de fato, defendendo o agressor e condenando as vítimas. Se Israel cede ao Hamas, se a Ucrânia cede à Rússia e se a Guiana, no futuro, ceder à Venezuela em nome da paz, terão tudo, menos paz. Terão guerras! A história já demonstrou diversas vezes que o apetite de ditadores não é facilmente aplacado e que políticas de apaziguamento sempre dão errado. E o pior, incentivará outros ditadores fazerem o mesmo, afinal, se a opinião pública mundial sempre ceder às vontades dos agressores, qual será o incentivo para não se tornar um?
Desde que saiu da Faixa de Gaza, Israel sofre com os ataques indiscriminados de mísseis, e tenta responder atacando pontualmente alvos do Hamas, o que por si só é uma diferença enorme quando pensamos em direitos humanos ou cumprimento da convenção de Genebra. Mas o massacre ocorrido no dia 07 de outubro merece uma resposta proporcional, que ao contrário do que os progressistas dizem não é matar civis indiscriminadamente como o Hamas fez, mas responder com força proporcional necessária para a interrupção da agressão, o que no caso é a completa destruição do Hamas. Infelizmente, devido às táticas terroristas, muitos civis irão perecer, já que é fato conhecido que utilizam a população de Gaza como escudo humano.
É realmente triste que os sofram palestinos sob o julgo tirânico do Hamas. Cabe lembrar que esta organização terrorista ganhou a maioria das cadeiras do parlamento de Gaza em 2006, mas logo em seguida deu um golpe de estado sangrento matando mais de 160 pessoas, grande parte árabes muçulmanos membros do Fatah. E o histórico de brutalidade do Hamas não para por aí, já que instalam quartéis generais ou bunkers abaixo, ou próximo de hospitais, creches ou locais com grandes concentrações de civis. Isso pode ser visualizado nos ataques recentes às proximidades do hospital Al-Shifa, amplamente noticiado pela mídia tradicional. O que não foi noticiado, é que o subterrâneo deste mesmo hospital se encontra o principal quartel-general do Hamas na região, como foi demonstrado pelas forças de defesas israelenses mediante vídeos e fotos.
Israel, ainda assim, ao contra-atacar, tenta minimizar danos aos civis, lançando panfletos e mandando mensagens de texto a todos os moradores de Gaza, solicitando evacuação da região norte, devido à invasão iminente. Quando Israel ataca, busca alvos militares legítimos e quando estes alvos estão próximos à população civil, usam táticas como “knock on the roof”, para avisar a população que determinado prédio será atingido em alguns minutos, sinalizando que deve ser evacuado. Obviamente, mesmo com estes cuidados, baixas civis ocorrem, principalmente, pelo Hamas estar proibindo a evacuação de Gaza, havendo inclusive evidências de fuzilamento de palestinos que tentam escapar. Para os terroristas, quanto mais baixas civis melhor para sua propaganda. Recentemente um dos líderes do Hamas, Mousa Abu Marzouk, que reside no Qatar e é dono de uma fortuna estimada em $3 bilhões, ao ser questionado em entrevista, disse que os túneis existem para proteger os terroristas, não os civis. Proteger os civis é responsabilidade da ONU e de Israel, comentou.
Muitos ainda culpam Israel por não permitir que os palestinos saiam da faixa de Gaza, o que é mentira. Antes dos atentados, milhares de palestinos atravessavam a fronteira para trabalhar em Israel. Posterior ao ataque, é natural que as fronteiras sejam fechadas, assim como ocorre com qualquer país em guerra. O curioso é notar que este tipo de cobrança não é feito ao Egito, país que mesmo fazendo fronteira, não quer arriscar receber em seu território, insurgentes radicalizados.
Para concluir, cabe ressaltar que estas narrativas anti-sionistas estão reverberando no mundo ocidental, gerando graves reações, como pode ser verificado no caso de pichações da estrela de Davi em casas na França e o assassinato de uma judia na cidade de Lyon. No caso de um senhor espancado até a morte pelo fato de protestar pela libertação dos reféns do Hamas nos Estados Unidos ou os protestos violentos no aeroporto do Daguestão, no qual crianças disseram estarem ali para esfaquear judeus ou mesmo aqui no Brasil, onde militantes de esquerda celebraram o terrorismo com palavras de ordem e bandeiras em favor do Hamas.
É no mínimo curioso verificar que, ocidentais, residentes de países democratas abracem as pautas dos terroristas, que, em sua carta de fundação, anuncia abertamente que seu objetivo é destruir os “povos do livro”, que basicamente são judeus e cristãos, e possuem como meta a implantação de um califado muçulmano no mundo. Para quem não sabe, estes califados são ditaduras que mesclam o poder político com o religioso sob a lei Sharia, que nega direitos básicos nos quais homossexuais podem ser apedrejados até a morte. É como ver a ovelha defender o direito do lobo devorá-la.
Obviamente é válido pensar que possamos dar condições melhores à Palestina, visto que o Hamas não representa todo o povo palestino. O que não é plausível pensar é que se atingirá a paz sem antes destruir o Hamas. Pensar isso é o mesmo que dizer que seria possível mudar a Alemanha sem detruir os nacionais-socialistas. Primeiro foi necessário retirá-los do poder, para depois reconstruir a Alemanha e dar melhores condições para o povo. Se isso não fosse feito, a vida dos alemães não iria melhorar e, o pior, a existência de outros povos estaria ameaçada.
Enquanto o Hamas não for deposto e a guerra persistir, resta a nós, libertários, torcer para que o conflito não escale, seja breve e com o menor número de danos possíveis aos civis. Também cabe a nós informarmos àqueles que não sabem o que está acontecendo ou que se informam pela mídia tradicional socialista, sobre a verdadeira natureza deste conflito e, quem sabe desta forma, possamos contribuir minimamente contra a escalada do antissemitismo e suas consequências.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Partilha_do_Imp%C3%A9rio_Otomano#:~:text=A%20Liga%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20concedeu,Saudita%20e%20do%20I%C3%A9men%20actuais.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Mandato_Brit%C3%A2nico_da_Palestina#:~:text=O%20Mandato%20Brit%C3%A2nico%20da%20Palestina,operou%20de%201920%20a%201948.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jord%C3%A2nia