Além de muito feia, a moeda comemorativa de R$ 5 expõe o maior problema econômico do Brasil: a inflação.
O Banco Central anunciou, no dia 11 de abril, para orgulho de toda a nação brasileira, o lançamento de uma moeda comemorativa, em honra aos 200 anos da promulgação da primeira constituição brasileira. A nova moeda, que terá um valor de face de R$ 5, homenageia os dois séculos de idade da carta magna outorgada, em 1824, por D. Pedro I. Com 28 gramas e inteiramente feita de prata, essa moeda comemorativa faz referência à tal constituição e, também, ao Congresso Nacional.
Mas, como assim? Isso parece um baita de um anacronismo, você não acha? Afinal de contas, o prédio que estampa uma das faces da moeda só seria construído na segunda metade do século seguinte! Além disso, como já citado, a Constituição de 1824 foi outorgada diretamente pelo imperador - ou seja, ela não foi uma obra do Parlamento brasileiro. Ok: é certo que esse texto constitucional merece as honras de ter sido o mais duradouro da história brasileira, até o momento - além de ser considerado, por muitos, como a constituição mais liberal que já tivemos. De qualquer forma, a desculpa usada pelo Banco Central para justificar a arte dessa tal moeda é a de que foi a Constituição de 1824 que instituiu a divisão do Poder Legislativo em duas casas. Então tá bom.
Mas voltando à moeda comemorativa: ela é realmente feia, e faz qualquer moeda do Império Romano, feita de forma artesanal, parecer uma obra de arte impecável, mesmo com toda a deterioração do tempo. Só que o pior vem agora: essa nova moeda não vai ser despejada no mercado, para circular como todas as outras - ela vai ser vendida pela Casa da Moeda, pela bagatela de R$ 440! Inicialmente, serão produzidas apenas 3 mil unidades dessa belezura - número que pode chegar a 10 mil. E apenas para coroar essa situação bizarra: logo no lançamento da moeda, o site da Casa da Moeda sentou. Pois é - estamos mesmo falando do padrão fiat de qualidade.
Em primeiro lugar, precisamos considerar que esse preço é pra lá de esquisito. Afinal de contas, uma onça de prata, que tem cerca de 31g, pode ser adquirida por R$ 140. É claro que alguém pode afirmar que o valor dessa moeda comemorativa está em sua raridade - mas será mesmo? Moedas como essa não são novidades, aqui no Brasil. Você pode encontrar outros modelos horrorosos no próprio site do Banco Central. Inclusive, moedas que comemoram os 500 anos do descobrimento do Brasil, os 200 anos da independência (provavelmente a mais feia de todas) e até mesmo os 100 anos do voo do 14-BIS. Pois é: Santos Dumont deve ter se revirado no túmulo, com essa homenagem.
Calma: nós sabemos que isso não passa de mais uma moeda comemorativa, e que isso não significa o fim do mundo. Mas, convenhamos: não seria estranho vislumbrar um futuro em que uma moeda desse valor passasse a circular por aí, por conta da constante depreciação da moeda. Nós tratamos da depreciação do Real, recentemente, aqui no canal, no vídeo: “O MAIOR programa SOCIAL da história: Plano Real completa 30 ANOS com muita DESVALORIZAÇÃO” - link na descrição.
Tudo começa assim - moedas pequenas começam a dar lugar para moedas com valor de face cada vez maior. Você se lembra da moeda de 1 centavo? Pois é: é bem provável que muita gente que assiste ao canal sequer tenha visto uma dessas na vida. Mas ela fez a alegria de muita criança no início do Plano Real - quando ela era suficiente para comprar um pirulito ou um chiclete Bubbaloo. Por acaso, nós também já falamos desse tema aqui no canal, no vídeo: “ONDE foi parar a MOEDA de 1 CENTAVO?” - link na descrição.
Conforme o governo começa a criar dinheiro do nada, o valor da moeda vai se deteriorando - seja na sua carteira, seja na sua conta bancária. E não estamos falando da Casa Moeda cunhando um punhado de moedas comemorativas - isso é irrelevante, para a formação da base monetária. Estamos falando do sofisticado sistema usado pelo estado para imprimir dinheiro por meio do financiamento da dívida pública, fazendo com que centenas de bilhões de novos reais passem a circular todos os anos, pela economia. Essa é a maior das fraudes estatais, e que se revela, justamente, num dinheiro cada vez mais pobre, maquiado por um valor de face cada vez maior.
Na verdade, se você conferir no nosso lamentável histórico monetário, você verá moedas antigas que ostentavam um valor de face bastante alto - como as famigeradas moedas de 100 cruzeiros e de 100 cruzados. Originalmente, esses padrões monetários foram concebidos para resolver o problema de uma desvalorização anterior. Obviamente, todos eles foram um tremendo fracasso, levando o governo a imprimir notas na casa dos milhares, e a cunhar moedas na casa das dezenas e das centenas. Por enquanto, com o Real, ainda não estamos tão mal assim - mas apenas por enquanto.
Ideias geniais envolvendo moedas não são exclusividade do Brasil - afinal de contas, o castigo da inflação está por toda parte. Veja, por exemplo, o caso do Zimbábue - país que é um verdadeiro estudo de caso, quando o assunto é inflação. O governo zimbabuano chegou a lançar uma moeda feita de ouro - sim, de ouro mesmo! - para conter a inflação galopante, em 2022. Mas nem isso deu conta de segurar o problema. E não: a atual crise monetária do Zimbábue não é aquela que gerou a histórica nota de 100 trilhões de dólares - mas daqui a pouco eles chegam nesse padrão de novo, sem dúvidas.
A verdade, porém, é que essa nova moeda comemorativa brasileira é um verdadeiro retrato do problema fiduciário. Em primeiro lugar, estamos falando da ideia de que o valor de uma moeda é superior ao que ela realmente contém. Veja que esse novo modelo é pelo menos 3 vezes mais caro do que a prata empregada em sua construção deveria custar. Essa é uma excelente metáfora para o dinheiro estatal, cujo valor não está ancorado em absolutamente nada - apenas na honestidade dos políticos.
Além disso, essa moeda é feia, como é feio o prédio que estampa uma de suas faces. Mas que diabos está acontecendo com essas moedas? É como se o governo sequer se esforçasse para dar uma boa aparência para o seu dinheiro, justamente por saber que ele não vale nada - seria como esculpir um Davi de Michelangelo, num monte de cocô.
Essa história de moeda estatal nunca foi realmente boa, mesmo no passado, quando havia ainda um padrão-ouro a ser seguido. Mas, quando os governantes pararam de colocar sua cara nas moedas, então realmente o dinheiro estatal desceu ladeira abaixo. Sim: os dobrões de réis do Império do Brasil, feitos em ouro, tinham a cara de D. Pedro II estampados em uma de suas faces, em meados do século 19. Agora, no Brasil, o pessoal prefere colocar a cara de quem já morreu mesmo, para a vergonha ser menor.
De fato, não há nada a ser comemorado, ao olharmos para essa moeda de R$ 5. Em primeiro lugar, toda essa história de constituição é uma grande furada - e os tempos em que vivemos nos demonstram que uma carta magna é incapaz de garantir, de verdade, algum direito para os cidadãos. Em segundo lugar, o Poder Legislativo, também homenageado por essa moeda, existe justamente para validar a ideia criminosa de que o estado pode nos obrigar a obedecer a suas leis. Os parlamentares são os representantes do povo, você se lembra? Por fim, um dinheiro de mentirinha não deveria ser usado para absolutamente nada - nem mesmo com um propósito meramente figurativo.
Agora, se a moeda estatal é uma fraude desde sua concepção, que tipo de dinheiro podemos usar para não embarcar nessa canoa furada? Bem, o Bitcoin está aí justamente para isso, e já explicamos sobre esse ouro digital inúmeras vezes aqui no canal. Apenas pense que nunca será lançado um Bitcoin comemorando uma constituição, ou um ato político. Primeiro, porque isso sequer combina com a proposta inicial dessa moeda digital; segundo, porque os Bitcoins não estão sujeitos às vontades políticas. Sua inflação é determinada no tempo, é matematicamente verificável, e não há nada que o governo possa de fato fazer para contar sua circulação, seu acúmulo, e seu uso como dinheiro corrente.
Por isso, esqueça essa história besta de bancos centrais emitindo moedas de mentirinha - que, às vezes, são coloridas, e ostentam algum prédio público horroroso, em uma de suas faces, e um papel rabiscado, que já nem existe mais, na outra. Todo esse teatro artístico de mau gosto existe, apenas, para mascarar a realidade de um dinheiro que se deprecia a cada momento, sem que você seja capaz de perceber. A boa notícia é que ainda dá tempo de fugir desse arranjo grotesco para salvar o seu patrimônio em um dinheiro que não tem rosto, não tem uma estampa engraçadinha, nem tem um motivo ufanista de existir. Como certamente você já sabe, nada disso importa de verdade: o importante, mesmo, é esse dinheiro estar completamente isento do controle parasitário estatal.
Deixamos como recomendação o vídeo 'A ESTRATÉGIA dos MAXIMALISTAS no INVESTIMENTO em BITCOIN', link na descrição.
https://www.ptax.com.br/metal/prata
https://www.bcb.gov.br/cedulasemoedas/moedascomemorativas?modalAberto=mc500anos
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62316837
"O MAIOR programa SOCIAL da história: Plano Real completa 30 ANOS com muita DESVALORIZAÇÃO:"
https://www.youtube.com/watch?v=4t9ZUckvALI
"ONDE foi parar a MOEDA de 1 CENTAVO?":
https://www.youtube.com/watch?v=JLoDs5UlaXg
"A ESTRATÉGIA dos MAXIMALISTAS no INVESTIMENTO em BITCOIN":
https://youtu.be/AgDwz-ZQb6M