Enquanto a mídia e a população em geral estão focadas em socorrer a população afetada pelo desastre ecológico no Sul, o governo do amor decide censurar a população com o argumento das "fake news". Será que estamos vivendo em uma distopia?
Estão ocorrendo vários relatos de censura por parte do Governo Federal através do uso do rótulo de "fake news". O presidento, em uma estratégia para fugir das críticas em relação ao gerenciamento péssimo do desastre, convocou a Polícia Federal a investigar publicações com supostas notícias falsas sobre a atuação do executivo. Para especialistas, o uso da força policial não é somente desnecessário, como pode gerar censura e ameaçar a manifestação de opiniões legítimas quanto a tragédia, pois não há como saber em tempo tão curto quais notícias são verdadeiramente reais ou não, abrindo margem para a censura arbitrária.
Entre as várias publicações, estavam relatos de indivíduos que afirmaram que quase toda a ajuda dada ao povo do Rio Grande do Sul está sendo realizada por meio de civis e voluntários no resgate de vítimas, não por membros das forças de segurança do governo. Segundo a jornalista Fernanda Salles, esta tragédia serviu para evidenciar a ineficácia e falta de vontade, do governo Petista, em proteger o cidadão.
Segundo Fabrício Rebelo, pesquisador em direito e segurança pública, explica que posts como esse são apenas opiniões, que em um contexto geral são válidos em um sistema democrático onde a liberdade de expressão é permitida. Portanto, acionar a polícia para investigar tais tipos de opiniões foge à regra do estado democrático de direito, e é uma forma de retornar ao autoritarismo e censura em nosso país.
Tais atitudes do governo federal quanto às tragédias que estão ocorrendo em nosso país são atitudes evidentes de um país que tenta voltar ao autoritarismo socialista. Mais do que simplesmente um ataque à democracia, é uma tentativa explícita de censura à opinião crítica, uma explícita perseguição ideológica contra opositores do socialismo Petista. Ao invés de realmente se importar com a catástrofe e apoiar a população, o governo prefere se incomodar com sua credibilidade perante à população.
Um exemplo clássico de como governos tentam usar calamidades para aumentar sua popularidade perante a sociedade é a reação da Rainha Vitória perante a fome na Irlanda. Apesar de a fome ter matado dezenas de milhares de Irlandeses e forçado milhões a saírem do país, a Rainha Vitória não apenas mostrou descaso quanto a fome, como impediu outros países de doarem mais do que a Coroa Britânica estava enviando em apoio, que não era uma quantidade grande o suficiente para reduzir o número de mortes.
No geral, governos tentam sempre mostrar um quadro das coisas de forma melhor do que está, especialmente quando o que se trata de esconder seu descaso para com a população. Assim como em nossa abordagem do caso de dengue, o governo atual está sendo um desastre, e as tentativas de censura nada mais são que apenas medidas desesperadas de um governo que está se tornando cada vez mais impopular.
Para especialistas, um problema central e recorrente dos poderes Judiciário e Executivo é a confusão entre fatos e opiniões. Apesar das tentativas incessantes de judicializar a desinformação como um crime de lesa pátria, ela não pode atingir a opinião. Chamar opiniões individuais, denúncias ou comentários sobre a atuação péssima do governo de desinformação não é apenas errado, como uma tentativa de censurar a população e minar ainda mais nossa frágil liberdade de expressão.
Por exemplo, a Secretaria de Comunicações pediu que a comentarista Steh Papaiano seja investigada por dizer que o "estado" como ente centralizador até agora apenas entregou dificuldade e ineficiência. Também incomodaram ao governo mensagens no telegram criticando a ausência de ministros no Sul do país e condenando a ida da primeira-dama ao Rio de Janeiro para o Show da Madonna que, diga-se de passagem, foi pago via roubo estatal, ou dizendo que o Executivo foi rápido ao usar uma aeronave da FAB para enviar 125 toneladas de alimentos à Cuba, e que a mesma agilidade se mostrou inexistente quanto à reação do governo para com o desastre em nosso país, prova de que o presidente se importa mais com seus amigos comunistas do que com o bem-estar nacional.
Outro caso incluído na lista da SECOM foi o comentário do Jornalista Thiago Asmar, que afirmava que o empresário Luciano Hang ajudou mais o estado sulista que o próprio governo federal. Porém, analisando a situação de forma mais ampla, podemos perceber que a maior parte das publicações dos perfis citados pelo órgão estatal como fazendo "fake news" são perfis conservadores ou de direita, escancarando o viés ideológico da censura que não estão nem um pouco preocupados em combater a desinformação de fato, mas sim censurar a direita e passar pano para as práticas socialistas do governo, que tornam tragédias como a do estado sulista ainda piores.
Ao contrário do que diz o estado, porém, o problema não está necessariamente em compartilhar notícias que eventualmente se mostram ser falsas, ou censurá-las, e sim no fato de que qualquer tentativa de censura é uma violação direta do princípio da liberdade de expressão. Tal princípio faz parte de uma ética lógica imutável e perene, que não está presa a um viés ideológico, partido ou político, e sim à ética do indivíduo.
A ética do estado funciona de forma a beneficiar apenas à elite socialista que está no poder. O que estamos presenciando atualmente não é mais um episódio de turbulências causadas por um desastre natural, e sim uma mudança na forma de pensamento graças ao surgimento da informação descentralizada e distribuída. Muito dificilmente iríamos ouvir sobre o descaso do governo federal quanto a tragédias e desastres naturais, e isto se deve em grande parte devido aos interesses da mídia tradicional estarem alinhados com os interesses do parasita estatal: manter uma elite no poder e se beneficiar com a ignorância popular.
O contrário disto é uma sociedade distópica onde o governo diz o que é verdade ou mentira, e isto é exatamente o que políticos defendem, uma sociedade onde ninguém é livre para se expressar ou criticar o governo. O que temos como alternativa é um sistema social onde ninguém é oprimido apenas por expressar sua opinião. Você pode até não concordar com o que seus oponentes pensam, mas a partir do momento que você defende que um órgão opressor censure seus inimigos por algum motivo arbitrário, nada impede que você seja a vítima no futuro.
A alternativa a este sistema onde a ética é relativizada é a ética libertária, pois percebemos que assim como qualquer câncer, a natureza do estado é crescer até que controle toda a sociedade, deixando-a doente. O grande problema deste mal, porém, é que, ao crescer demais, o estado suga toda a força vital do hospedeiro e o mata, morrendo ele mesmo no processo.
O que ferramentas como a internet e o Bitcoin nos proporcionam são armas para lutar contra a opressão estatal. Se por um lado o estado possui um poder que parece avassalador, na prática a única coisa que garante o controle estatal é a passividade da população e o consenso de que nada pode ser feito para mudar o país. Porém, a partir do momento que a população não mais se conforma e decide se rebelar, o poder estatal diminui até que o povo substitua-o por completo.
O que devemos entender é que, ao contrário das revoluções passadas, que foram violentas e criaram um estado cada vez pior que seu antecessor, a nova revolução que estamos vivenciando agora é silenciosa. Ela pode ser percebida por todos nós ao prestarmos atenção, e ao contrário de todas as tentativas anteriores, não irá resultar em um estado maior do que o antigo, e sim em seu completo desaparecimento.
Assim como qualquer invenção humana, o estado já teve seu tempo útil. Porém, a partir do momento em que algo deixa de ter utilidade prática, se torna nada mais do que um peso que desacelera nossa evolução como sociedade. O que estamos vendo agora são os últimos suspiros de um sistema que já deixou de ser útil para a humanidade graças aos avanços tecnológicos criados pelo mercado, e que só se mantém vivo devido à inércia.
Se agora o estado está sendo desafiado graças a opiniões controversas e críticas, não irá demorar muito para que a ameaça contra o estado se torne grande o suficiente para forçar seu desaparecimento, dando início à fase libertária da humanidade. Portanto, o Ancapistão não é uma opção, e sim um processo que está em andamento. Não é um processo que será belo e romântico, mas é algo que certamente irá beneficiar a todos nós como seres humanos.
Rainha Vitória impediu outros países de doarem mais que o Reino Unido:
https://www.irishcentral.com/roots/history/queen-victoria-irish-famine
Como funcionaria uma sociedade sem estado?:
https://mises.org.br//article/1795/como-funcionaria-uma-sociedade-sem-estado
Oposição e "combate às fake news":
https://www.gazetadopovo.com.br/republica/oposicao-quer-convocar-ministros-de-lula-para-explicar-combate-as-fake-news-na-tragedia-do-rs/