28 Set. 2023
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Como os influencers pró-Rússia lucram alto com a Guerra na Ucrânia

Poucos dias atrás, o presidente Lula afirmou, em sua viagem à Índia, por ocasião da reunião do G20, que Vladimir Putin será convidado para vir ao Brasil no próximo ano. Não vamos falar, hoje, sobre esse caso - já tratamos sobre isso em um vídeo recente aqui do canal. O ponto que vamos levantar é: logo na sequência dessa cagada homérica cometida pelo Lula, a mídia brasileira se organizou para passar pano para o Molusco. No caso, a mídia trabalhou para desviar a atenção do público para outra direção.

A estratégia utilizada chega a ser obscena, mas é bastante simples. A Foice de São Paulo, logo na sequência da declaração do Lula, divulgou uma matéria difamando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmando que o povo ucraniano o considera corrupto. Obviamente, a reportagem é enviesada até não aguentar mais; contudo, não se trata de veicular a verdade, mas sim de endossar um discurso. No exato momento em que o Lula demonstra seu amor ao Putin, a imprensa brasileira critica o Zelensky. Te falo, hein? Timing perfeito!

Esse exemplo bastante específico da mídia brasileira aponta para um fenômeno que se espalha pelo mundo inteiro, mas que obviamente é mais forte entre os próprios russos: a rede de desinformação pró-Putin, bancada por aquele estado mafioso. A coisa toda pode até parecer, em um primeiro momento, acontecer de forma espontânea e descentralizada. Mas, na verdade, esse movimento tem um método e, especialmente, um foco principal: justificar a ação criminosa russa na Ucrânia.

Os casos mais claros dessa rede de desinformação são os chamados Z-bloggers - ou blogueiros Z. Esses influencers devem seu apelido ao uso da letra Z, por parte dos apoiadores russos da invasão da Ucrânia. Em resumo, os Z-bloggers alimentam redes sociais com mensagens de apoio à ação russa e ao exército do país, bem como com mentiras e desinformação, com vistas a enfraquecer o outro lado. Esses influencers russos também trabalham, de forma conjunta, para difamar o presidente Zelensky.

Ao todo, os Z-bloggers reúnem milhões de seguidores, especialmente no Telegram, que é a única rede social que ainda não baniu os maiores nomes desse movimento. Graças a seus números, esses influenciadores desfrutam de uma série de privilégios. Eles, por exemplo, têm autorização para acompanhar o exército russo na linha de frente do combate. De lá, os blogueiros publicam imagens do conflito e promovem o alistamento de jovens russos - que, geralmente, têm mais contato com as redes sociais.

Além disso, alguns desses influencers muito bem pagos possuem um canal direto com o Ministério da Defesa Russa. Recentemente, esse grupo de marketeiros russos se reuniu com o próprio Vladimir Putin. Nessa ocasião, o ditador afirmou aos influencers: “O espaço da informação é um campo de batalha crucial, e realmente conto com a ajuda de vocês”. Dado o seu apelo junto aos mais jovens, os Z-bloggers são convidados para palestras em universidades, livrarias e outros eventos com esse público-alvo.

Dentre os influencers russos pró-guerra, três se destacam mais. O maior deles é Semyon Pegov, mais conhecido por seu apelido “War Gonzo”. Atualmente, seu canal no Telegram conta com mais de 1 milhão de seguidores. Além do War Gonzo, destaca-se Anna Dolgareva, uma pretensa poetisa que usa de sua arte medíocre para justificar as ações russas na Ucrânia. É dela o poema intitulado “Todos os combatentes do Wagner vão para o Céu”. Por fim, pode ser citado também o jornalista Alexander Kots, que possui mais de 600 mil seguidores em seu Telegram.

A verdade é que até mesmo a imprensa ocidental utiliza vários dados fornecidos por esses influencers, uma vez que eles possuem, de fato, grande proximidade com o exército russo. Em muitos casos, são os Z-bloggers que fornecem algum tipo de notícia das linhas russas. Percebe-se, também, que os maiores nomes desse grupo têm permissão para realizar a chamada “oposição controlada”. Ou seja, os influencers podem criticar alguns aspectos da ação do exército russo - sempre exigindo mais violência, é claro.

Afinal de contas, esse é o grande objetivo desses influenciadores: justificar a invasão da Ucrânia, com base no incentivo à violência e ao ódio contra a pátria ucraniana e seus habitantes. Para esse fim, os Z-bloggers se valem, por exemplo, de vídeos falsificados, montados pela rede russa de desinformação. Em alguns desses casos, são apresentados supostos crimes cometidos pelos soldados ucranianos contra a população local. As evidências de que os vídeos são montados são fartas, mas esse pessoal não tem compromisso com a verdade.

Seu real compromisso é mesmo com a grana que eles recebem do governo russo. Segundo Ekaterina Shulman, uma cientista política russa exilada na Alemanha, esses influenciadores são pagos diretamente pelo Ministério da Defesa russo. Em alguns casos, até mesmo o Grupo Wagner chegou a financiar o trabalho desses blogueiros. Você sabe como as coisas funcionam: por dinheiro, tem gente que defende até mesmo os piores bandidos.

Em resumo, o caso dos Z-bloggers demonstra, claramente, mais um exemplo de um estado mafioso comprando o apoio de agentes da mídia para se manter firme no poder. A própria União Soviética sempre se valeu desse artifício, em vários países ao redor do mundo. Pense, por exemplo, no caso do jornalista norte-americano Walter Duranty, que ganhou rios de dinheiro nos anos 1930 para ignorar o Holodomor. Sua história foi retratada no filme “A Sombra de Stalin”, sobre o qual já falamos aqui neste canal. O link para esse vídeo está na descrição.

Mais recentemente, veio à tona o caso de Neville Roy Singham, um multimilionário norte-americano que estaria envolvido em uma rede de desinformação, favorável ao regime comunista chinês. O esquema operado por Singham já teria movimentado centenas de milhões de dólares em vários países, inclusive o Brasil. Segundo apurado pelo New York Times, vários veículos da mídia esquerdista do Brasil, como o Brasil 247 e o Opera Mundi, teriam ligações com o ricaço. Se você quer que façamos um vídeo específico sobre esse caso, deixe sua opinião nos comentários.

Enfim, que existem diversas redes de desinformação espalhadas pelo mundo, com a finalidade de financiar a propagação de mentiras favoráveis a regimes ditatoriais, disso não temos dúvida. A grande questão é: esse método é realmente eficaz em seu objetivo? E o fato é que esse tipo de estratégia ainda demonstra resultados; mas estes são cada vez mais escassos e menos duradouros.

Acontece que esse tipo de sistema - uma rede coordenada de propagação de mentiras, com um discurso previamente ensaiado e autorizado pelo estado - não tem mais espaço no atual cenário do debate público. Nós vivemos, hoje, na era da informação descentralizada e distribuída. Hoje, não existe mais uma verdade autorizada pelos grandes meios de comunicação, geralmente ligados ao estado e aos governantes de esquerda. O que existe, hoje, é um ambiente de real debate de ideias, em que diferentes pontos de vista são colocados sobre a mesa.

Mais do que isso: a própria circulação da informação ajuda a expor essa tendência estatal de cooptar o debate público, por meio de agentes corrompidos e bem-remunerados. As mentiras propagadas por esses influenciadores são rapidamente desmentidas por produtores de conteúdo que não têm rabo preso com o estado. Essa é a mágica da internet: milhões de pessoas, de forma totalmente voluntária, agem no sentido de verificar tudo o que dito, a todo momento. Num cenário como esse, nenhuma mentira pode prevalecer por muito tempo.

Pense, por exemplo, na verificação descentralizada feita atualmente no Twitter. Por meio desse mecanismo altamente libertário, nem mesmo um Ministro da Justiça brasileiro escapa do escrutínio da internet. Por conta da capacidade da informação descentralizada e distribuída, as grandes redes de desinformação, que no passado tinham alta eficiência, agora se tornam cada vez mais inócuas. Elas ainda funcionam, e enganam algumas pessoas; mas o seu tempo está chegando ao fim.

Os Z-bloggers não passam de mais uma tentativa frustrada do governo russo de se sobressair no front diplomático dessa guerra. No passado, os soviéticos conseguiam bons resultados nessa área; mas, agora, os tempos são outros. Os blogueiros pagos pelo governo russo ainda conseguem enganar os próprios russos; mas mesmo esses resultados não vão durar muito tempo. Quanto ao restante do mundo, onde existe mais liberdade de informação, esse tipo de discurso ensaiado não convence mais ninguém. De qualquer forma, ainda precisamos ficar atentos, de olhos bem abertos. Em qualquer lugar, pode haver alguém sendo muito bem pago para mentir, lucrando alto com a morte de inocentes.

Referências:

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-66741300 https://www.youtube.com/watch?v=v1I70kodj8I https://proza.ru/2023/05/23/631

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