28 Set. 2023
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Como KAFKA previu a BUROCRACIA do TOTALITARISMO estatal

Franz Kafka, com certeza, foi uma das principais figuras da literatura mundial do século XX. Contudo, acabou sendo pouco notado em vida. De fato, ele é de um brilhante escritor e intelectual cuja luz só seria vista anos depois de sua precoce morte. Ele preferiu expor em suas obras temas importantes que perpassam muito do que a sociedade moderna vive e enfrenta. Entre eles a alienação, desorientação, censura, ansiedade, medo, o absurdo da distorção da realidade e o poder exercido sobre nós. Seu trabalho foi tão original e visionário que o termo kafkaniano ganhou um significado por toda a literatura mundial. Ele caracteriza mundos sufocantes em que algum tipo de força misteriosa e inalcançável oprime a individualidade.

Sua obra "O Processo", lançada postumamente em 1925, alcançou sucesso mundial devido às reflexões sobre o sistema legalista e burocrático do estado moderno. No romance, o protagonista Josef é acusado de um crime sem evidências sólidas de que tenha infringido a lei. Ele é detido em casa sem saber do que se tratava, achando inicialmente que poderia ser um engano e logo o problema se resolveria.

A análise de um sistema jurídico onipotente e persecutório demonstra a percepção que Kafka teve de um modelo de estado burocrático que monopoliza de forma tão colossal a criação de leis e o julgamento de pessoas. Podemos observar na obra a situação perturbadora do indivíduo estar sendo vítima de inquérito sem saber do motivo e não ter chances de se defender. Uma visão que o autor teve do sistema soviético e nazista. Kafka descreve bem um poder cuja capilarização se dá de cima para baixo e sempre alcança aquele que acha ter privacidade e liberdade em sua vida. As pessoas boas, que nunca ousaram cometer crimes, se tornam as maiores vítimas desses sistemas de poder. Na história, a brutalidade de um estado perseguidor se torna algo cada vez mais banal na vida do personagem e de todos que trabalham na burocracia.

Acostumado a acordar de manhã recebendo o café às 8:00 horas, Josef acha estranho a ausência da mulher que faz sua bebida. Nesse dia, se depara com homens estranhos que anunciam estar sendo processado, precisando comparecer regularmente no tribunal. Os guardas, como observamos na obra, se comportam como meros cumpridores de ordens, conformistas e passivos com a execução do trabalho, independente se as ações são justas ou não.


O protagonista se depara no longo labirinto burocrático visitando tribunais e escritórios de advocacia, para entender o que se passava. O estado e as instituições são descritas quase como monstros com vida própria, nos assustando com seus braços de poder e a facilidade como consegue violar a liberdade individual. Esse foi exatamente o modelo soviético e nacional-socialista, e o mérito de Franz Kafka foi antever como o poder da burocracia crescente representa um rompimento com os direitos naturais do indivíduo. Com o enfraquecimento das instituições intermediárias ao poder estatal, o estado moderno conseguiu crescer sem limites e se tornou uma força de opressão.

No governo do ditador Stalin, por exemplo, não havia nenhum tipo de respeito ao devido processo legal ou qualquer direito de defesa. O estado todo-poderoso se tornou uma ferramenta de opressão do ditador. As vítimas eram perseguidas a qualquer tempo e por qualquer motivo, e na maioria das vezes eram induzidas à força a confessar. Tudo não passava de um teatro, e aqueles que tentassem confrontar o sistema brutal eram logo eliminados e caluniados. A lei se tornou a vontade do ditador. Seus asseclas e demais funcionários do governo poderiam se tornar as novas vítimas na virada da noite. O terror e o absurdo se tornou o novo normal.

Nesse mundo, ninguém está imune aos expurgos dessa poderosa máquina de opressão. Até engrenagens da máquina, partes da elite, são vítimas do sistema legal que parece estar apenas a serviço da cúpula no poder. A sociedade, num estado de apatia mental, não questiona mais nada. Parece ser desse cenário de falta de virtudes morais e intelectuais que a sociedade sucumbe cada vez mais a uma vida medíocre e de escravidão.
Os personagens do processo agem normalmente, como se tudo estivesse sob controle ou seguindo alguma ordem social correta, mas ninguém sabe o que de fato está acontecendo. Na verdade, os membros da burocracia estatal apenas são engrenagens de um sistema violento e brutal.
A ideia de que o indivíduo sozinho pode enfrentar todo aquele sistema complexo, movido por várias engrenagens, é vista com um idealismo sem sentido. Assim, fica a questão: se o indivíduo nada pode perante o estado burocrático e opressor, como se livrar disso? Como enfrentar a tirania e escapar da vigilância, para não ser a próxima vítima?

É difícil responder. Mas o poder do estado está sempre em sua propaganda e na sua máquina de manipulação e doutrinação em massa. Afinal, os escravos do sistema são a maioria, e para manter tanta gente passiva, obediente e crente na narrativa dos governantes no poder, é preciso que o estado monopolize o sistema de ensino e os veículos de comunicação de massa.

Com o enfraquecimento das instituições que limitavam o poder do estado, como a igreja, as instituições comunitárias e descentralizadas, essa máquina se tornou um colosso onipotente no século XX. Daí surgiu toda a carnificina, como o holocausto, o holodomor, os diversos crimes em larga escala, tudo amparado por leis positivistas. As pessoas perderam o senso de justiça e ética. Passaram a ver nas figuras políticas a imagem do salvador que acabaria com os problemas e a pobreza. E Kafka, percebeu tudo isso tão bem que conseguiu traduzir toda essa transformação do estado moderno em seus livros.

Mas o maior problema da burocracia estatal e seu perverso sistema de incentivos, é que mesmo que um funcionário do sistema tenha boas intenções, ainda assim estará a serviço do governo. Portanto, só será recompensado à medida que trabalhar conforme a natureza do sistema, o propósito da máquina pública, sendo aumentar de poder e oprimir seus servos. Chega a um ponto que as pessoas perdem a capacidade de raciocinar e compreender o que fazem, e por fim, perdem o sentido da razão. É nesse momento que todas as injustiças do estado tirânico passam a ser normalizadas. Foi o que vimos em diversos sistemas de governos no século XX, do regime na Alemanha, China, Coreia do Norte e Camboja dominados por modelos marxistas e coletivistas, que endeusam o coletivo em detrimento do indivíduo.

As vítimas desse sistema judicial persecutório acabam se sentindo culpadas com o tempo, mesmo sendo inocentes, já que foi internalizado nas pessoas que o governo sempre age corretamente e sabe o que é melhor. O Processo nos lembra muito a obra 1984, pois a sociedade passa a aceitar e conviver com o absurdo. Todos se omitem perante esse estado de anormalidade. Mas nessas histórias sempre existe uma autoridade que distorce a realidade; a liberdade se torna escravidão, o sistema de justiça é injusto, e a ignorância e a indiferença se tornam a postura mais comum das pessoas que vivem sob o jugo deste regime. Nada muito diferente do que acontece hoje nos países ocidentais, como Brasil, Venezuela, Europa, Canadá e Estados Unidos. Pessoas acabam sendo perseguidas por contarem piadas ou se oporem ao politicamente correto hipócrita, enquanto verdadeiros criminosos insanos são soltos ou ficam pouco tempo na prisão.

A burocracia crescente e aparelhada a dedo por políticos, transformou todo o estado na propriedade particular daqueles que estão no poder. Os líderes políticos de alto escalão acabam empregando seus camaradas mais próximos e os colocando em posições-chave no judiciário. A consequência é o que vemos hoje: o sistema de justiça usado de forma política e desproporcional para perseguir os dissidentes e quaisquer potenciais inimigos da elite que governa.

As pessoas passam a internalizar esse absurdo promovido pela propaganda, que usa muito bem o jogo de distorção de palavras. Fakenews se torna tudo aquilo que o regime não aceita, mesmo que seja a mais nua e crua verdade. Discurso de ódio é discordar da narrativa predominante, do que querem que aceitemos sem questionamentos. Assim, podemos perceber o predomínio desse absurdo kafkaniano em nossa sociedade, que corrompe a verdade e todos os que ainda mantém algum senso de justiça e ética em suas mentes. Brilhante foi o Kafka que conseguiu descrever tão bem em suas histórias aquilo que é banal hoje em dia, e justificado pela grande mídia aos olhos de todos.

Como podemos notar, o organismo burocrático descrito em O Processo, é exatamente o que a filósofa Hannah Arendt descreveu como “a tirania sem o tirano”. A máquina que trabalha por si só, por diversas engrenagens, num sistema que se autoperpetua. Cada membro dessa burocracia pode ser facilmente substituído caso não cumpra com os objetivos perversos dessa máquina de opressão.

Enfim, estamos testemunhando que hoje em dia o aparato estatal encontrou um grande adversário tão poderoso quanto ele, ou até mais: as tecnologias descentralizadas, como a internet e o Bitcoin. Fica cada vez mais claro que a melhor forma de se combater o poder altamente centralizado e corrupto é através da descentralização da divulgação de ideias. Temos agora um sistema de ensino informal e fora das garras estatais, sendo diversos os canais educativos na internet, totalmente independentes e autônomos. E agora temos o dinheiro descentralizado e livre do controle estatal, que nos traz privacidade e a possibilidade da autocustódia, o Bitcoin.

Esta é, na verdade, uma mensagem de esperança, pois constatamos no horizonte o fim dos absurdos kafkanianos que foram predominantes em governos ao longo da história, e que se acentuou do século XX para cá. As ferramentas para as pessoas lutarem pelos seus direitos e por um mundo melhor estão disponíveis para nosso uso, e este pode ser o novo começo de uma era. Um momento inédito no qual a humanidade finalmente tenha se libertado dessa tirania que tem se tornado cada vez mais monstruosa, anormal e cotidiana.


Mas precisamos agir rápido, pois somos os responsáveis por criar um futuro mais livre e justo. Portanto, eduque-se, estude sobre Bitcoin e divulgue ideias sobre a importância da liberdade. Não aceite e acredite nas narrativas midiáticas e busque ser autodidata dentro do possível, para entender o que está acontecendo no mundo.

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=OgJOdyLdDn8

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