Como todas as profissões, os dubladores também lutam para não serem substituídos pelas IAs, mas somente porque não conseguem se adaptar.
Recentemente têm vindo à tona, novamente, a discussão sobre o uso de Inteligências Artificiais na indústria do entretenimento. Mas, dessa vez, a IA está sendo usada para a dublagem em filmes e séries. Com dubladores famosos, como os Brasileiro Guilherme Briggs e Wendel Bezerra, demonstrando preocupação com a substituição de vozes reais por vozes feitas artificialmente.
Lembrando sempre que não estamos atacando ninguém, apenas discordando de um certo ponto de vista do assunto. Então vamos continuar...
Em uma rápida entrevista em Manaus, Guilherme Briggs afirmou que as Inteligências Artificiais deveriam ser controladas de alguma forma pois, caso contrário, elas iriam tirar o trabalho de roteiristas, animadores, cantores e muitos outros.
Você já deve ter imaginado quem seria esse ‘ser mágico e altruísta’, que tomaria para si a responsabilidade por controlar o avanço das inteligências artificiais em nome de um "mercado sustentável", fazendo com que as produções artísticas continuem com elevados custos.
Ele também comparou o uso de IAs na dublagem e a dublagem feita por vozes reais com quando se consome um Fast Food comparado com uma comida caseira, indicando que a voz robótica não tem amor, cuidado ou improviso em determinados momentos.
Com alguns outros dubladores também se manifestando em acordo com as declarações de Briggs, com o posicionamento de Manolo Rey, por exemplo.
É claro que todo mundo concorda que comida caseira (principalmente feita por algum parente querido) é sempre melhor, mais gostosa e com mais qualidade do que um lanche de Fast Food qualquer. Porém, isso torna necessariamente o Fast Food algo ruim? Precisamos de uma agência reguladora para parar os avanços do Mcdonalds? É óbvio que não.
O Fast Food, em primeiro lugar, surgiu justamente de uma necessidade dos consumidores, que precisavam voltar rápido ao trabalho e não podiam ficar horas esperando um almoço caseiro ser preparado e correr o risco de ser chamado a atenção pelo Chefe.
Além disso, alguns operários que trabalhavam em construções não podiam simplesmente descer da obra para almoçar, tendo que comer ali mesmo e recorrendo a sanduíches com pedaços de carne dentro.
Vendo isso, o mercado fez o que ele faz de melhor, resolver o problema das pessoas. Quem queria um lanche rápido, prático e barato poderia agora comer um hambúrguer com uma porção de batatas fritas, um pouco de frango frito, um sanduíche convencional ou até um cafezinho sem ter que se preocupar com o tempo de preparo dele.
Inclusive nos Estados Unidos muitos sem-teto e famílias com poucas condições acabam almoçando em lugares como McDonalds, por ser extremamente barato lá e custar apenas alguns dólares, mesmo que, infelizmente, essa não seja a realidade dos fast-foods no Brasil, com os preços sendo bem altos por questões tributárias e conversão da moeda para o dólar.
O Fast Food acaba sacrificando a qualidade pela praticidade e acessibilidade. E o mesmo pode ser dito das Inteligências Artificiais com vozes, que acaba barateando os custos e facilitam o acesso até de produtores independentes.
Muitos usaram dessas IAs para colocar Youtubers ou até famosos cantando diversas músicas para pura diversão. Tendo também um exemplo mais sério do canal do Eagan Tilghman, que fez uma animação Stop-Motion caseira colocando os personagens de Scooby-doo na situação do famoso jogo FNAF (ou Five Night's at Freddys). É óbvio que eles não tinham dinheiro para contratar dubladores reais então, boa parte das vozes dos membros da turma foram feitas usando IA.
Embora os fãs tenham gostado, a dubladora oficial da Velma se pronunciou no Twitter, reclamando que não ganhou seu cascalho. Ela reclamou por usarem sua voz como base para uma Inteligência Artificial replicar ela.
Embora dê para entender que replicar a voz de uma pessoa pode ser usado para falsificações e golpes, nesse caso em que o uso foi para entretenimento, existe algum problema?
A Resposta é não! Como nós libertários sabemos, a propriedade intelectual não existe de fato, por não ser uma propriedade física e servir na prática como uma limitação do que se pode fazer em termos artísticos, não podendo usar determinado personagem, música ou nome. Sendo basicamente uma proibição de certas combinações de letras ou sons, algo que obviamente parece ridículo, pois não pode existir crime sem uma vítima, vítima auto intitulada essa, que sequer foi roubada ou teve alguma propriedade física extraída.
Usar essas inteligências artificiais acaba ajudando ainda mais os pequenos estúdios e desenvolvedores independentes que não tem dinheiro para recorrer a essa "comida caseira" e precisam optar pelo "fast food" da dublagem para viabilizar seus projetos.
Porém, não é só pela questão do custo dos dubladores que se começou essa discussão, isso também veio da discussão de vários dubladores e dubladoras que alteram falas da obra a fim de colocar sua agenda política nelas e enviesar a obra.
Um exemplo muito claro disso veio da dubladora Jamie Marchi sendo exposta pelo streamer Asmongold com exemplos claros de adaptações reescrevendo o sentido das falas, coincidentemente tendendo sempre para a pauta feminista e do discurso da "Mulher Empoderada". Sendo que o trabalho deles é apenas dublar, não reescrever a história e a mensagem que o autor quis passar, eles não possuem esse direito, ao contrário do que pensam.
Um dos exemplos mais cômicos foi um caso onde, na versão traduzida do original, um personagem falava para o outra que ela mudou seu estilo de roupa, enquanto na versão dublada, a fala se tornou sobre ela estar enfrentando o patriarcado... Pode rir, eu sei que você está com essa vontade.
A dubladora poderia até se defender alegando que isso não é por culpa dela e que foi apenas o formato que vieram as falas e ela fez somente seu trabalho. Porém, dada a reação dela isso se torna pouco provável.
Ela preferiu se fazer de vítima nas redes sociais, alegando que estava sendo atacada pelos seguidores do Streamer, que a expôs publicamente enquanto ela discutia no Twitter com as pessoas que criticavam ela.
Tendo atacado o próprio Asmongold e tentando expor casos passados do homem. Atacar o mensageiro ao invés de responder à mensagem parece até algo semelhante com o que aconteceu aqui no Brasil envolvendo a Mynd8 e o Daniel Penin, que, após expor a Mynd, coincidentemente recebeu uma tentativa de cancelamento por sua venda de cursos.
A Qualidade das Inteligências Artificiais ainda não é perfeita e existem muitos erros e imperfeições, servindo mais como uma base ou inspiração, principalmente na arte geradas pelas mesmas. Além disso, mesmo com o uso delas para não deturpar o sentido original da obra, isso não se torna algo garantido, uma vez que os próprios estúdios podem fazer essas alterações manualmente antes de lançarem o produto final.
Qual a solução então? De maneira independente os fãs poderiam replicar as vozes dos dubladores originais para fazerem sua própria versão mais fiel à obra original como uma forma de carinho e gosto pessoal, enquanto isso mostra, de maneira prática, para os estúdios que o público que consome as séries e filmes quer ver algo fiel ao original, com conteúdo e com a mensagem que o autor quis passar.
Eu ainda prefiro uma comida caseira com qualidade, mas quando ela não me interessar e quiser algo diferente, eu vou simplesmente recorrer ao Fast Food.
Agora, eu, Paulo Wesley, revisor e narrador desse vídeo, gostaria de deixar minha contribuição para o tema, pois penso que tenho algo a agregar. Trabalho como locutor, principalmente para canais do Youtube, desde 2010. Cheguei a fazer curso de dublagem com um dos dubladores mais renomados do país, embora eu nunca tenha atuado especificamente como dublador, apenas como locutor.
Concordo com os dubladores citados nesse vídeo ao dizerem que a IA não está no nível e qualidade do ser humano. Mas isso é apenas questão de tempo. Eu acompanho esse mundo de dublagem, narração e inteligência artificial mais de perto e vejo os avanços rápidos da tecnologia a cada dia.
Recentemente, percebendo que nós, humanos, iríamos perder espaço gradualmente para os robôs, decidi lançar um serviço de dublagem para canais no Youtube usando inteligência artificial, a Dublai.com, onde, inclusive, fizemos a dublagem com IA para o canal Mundo em Revolução, do Peter.
Minha mensagem aos dubladores que estão com medo da tecnologia é: a IA é inevitável, vocês precisam se adaptar, mas nunca o estado será a solução para esse ou qualquer outro tipo de problema.
https://www.youtube.com/watch?v=gn6RJjGLYE0