Em meio à um mar de impopularidade pior do que o enfrentado pelo comunista tupiniquim, o aprendiz de Hugo Chávez decide praticar uma medida ditatorial bastante conhecida: sumir com opositores. Porém, ele ainda não percebeu a raíz do problema.
A Venezuela realizará eleições em 28 de julho de 2024. Apesar de parecer surpreendente, à primeira vista, na prática, todos nós sabemos do que se trata: um show eleitoral bizarro para o Maduro legitimar seu controle no país. Todos os observadores internacionais, à esta altura do campeonato, já perceberam que a Venezuela é uma ditadura socialista, o que fortalece o argumento. O mais intrigante deste processo é o fato da popularidade de Maduro estar, para a surpresa de zero pessoas, cada vez mais baixa.
Para entendermos melhor o motivo da impopularidade de Maduro, precisamos voltar um pouco no tempo. Após a posse de Hugo Chávez, ele reformou o aparato Venezuelano, centralizando o poder nas mãos do Presidente e criando um sistema de bem-estar social financiado pelos petrodólares adquiridos através das exportações no boom das commodities. Assim, como o Brasil, a Venezuela teve sua economia alavancada por este ciclo de alta. Em 2013, Chávez morre e Nicolás Maduro assume o cargo de Presidente. Os gastos estatais aumentaram de forma que a economia se tornou extremamente dependente do petróleo, pois fenômeno conhecido como a "doença Holandesa" junto a este sistema assistencialista tornaram o país tão dependente que, caso o preço do petróleo caísse, o castelo de cartas comunista cairia por água abaixo.
E foi exatamente o que aconteceu durante o governo de Maduro. O preço do petróleo, que estava acima dos 100 dólares por barril no começo de 2013, caiu para menos de 30 dólares entre o final de 2015 e começo de 2016. Tal queda destruiu a economia da Venezuela, que estava, e ainda é, completamente dependente das exportações do ouro negro. Isso causou uma crise sem precedentes na história do país, com taxas de pobreza acima de 90%, permitindo com que a popularidade de Maduro caísse de forma significativa de lá para cá.
O que mais chama a atenção é o fato de diversos opositores a Maduro terem desaparecido repentinamente, o que foi comprovado em um relatório divulgado pela ONU. Desde dezembro, os relatos de desaparecimentos no país têm aumentado de forma cada vez maior, o que indica que Maduro está tentando garantir sua vitória nas eleições deste ano de forma coercitiva. Neste meio, Lula tem feito comentários sobre a situação na Venezuela. Apesar do Nine ter defendido a "volta à normalidade" para a Venezuela, precisamos entender claramente a que tipo de normalidade ele se refere.
É notável a capacidade do Molusco de defender o fraudulento sistema eleitoral Venezuelano, cada vez mais imerso em irregularidades e perseguições a membros da oposição, como o que aconteceu com o Juan Guaidó, anos atrás. Lula finge não haver nenhuma anomalia política desde que Maduro se tornou ditador da Venezuela há mais de uma década, e o faz por ser aliado dele e com igual interesse de instaurar uma ditadura comunista, aqui, no Brasil. O fato mais marcante é que a Venezuela nem sempre foi um país falido. Mesmo utilizando as métricas estatais, nos anos 70 e 80 a Venezuela possuía um padrão de vida maior do que o Brasil, com um PIB per capita mais elevado; cidades como Caracas eram referência, e a economia no geral era mais livre do que atualmente. Ao introduzir o populismo na Venezuela, Chávez começou o processo evidenciado por Hayek no livro "O Caminho da Servidão", onde o estado se torna cada vez mais inchado a ponto de controlar a sociedade de forma absoluta.
Ao entendermos isso, fica claro que, desde o primeiro dia em que Chávez se tornou Presidente, o caminho era se tornar uma ditadura socialista, quer ele quisesse, quer não, pois a tendência do estado, especialmente em países socialistas, é crescer. Isto se deve ao fato de que, quanto maior é o estado, mais poder tem a elite partidária e seus burocratas. Portanto, as eleições na Venezuela não são um ar de alívio para a oposição a Maduro. Pelo contrário, o mesmo fará o possível e o impossível para distorcer o resultado das eleições e mostrar ao povo que ele ainda é o mais popular, assim como qualquer ditador comunista faz. Pode parecer piada, mas na Coreia do Norte há eleições, e em todas elas o gordinho nuclear sempre ganha, pelo simples fato de ele poder distorcer o resultado. Mas fiquem tranquilos, pois aqui no Brasil o resultado é confiável.
De forma irônica, muitos comunistas e socialistas se dizem ser os verdadeiros defensores da democracia ou que sua ideologia representa a verdadeira democracia. Porém, que tipo de democracia é essa na qual somente um partido concorre ou, um ou dois candidatos pré-selecionados são eleitos de forma alternada? Este é o tipo de democracia que existia na União Soviética onde, mesmo na época de Stalin, havia eleições com resultados deturpados e sem base na realidade, de forma a garantir o monopólio de poder do partido sob a sociedade.
Atualmente, uma lei justa ou injusta é decidida de forma arbitrária de acordo com a vontade do político. Em nosso sistema de democracia representativa, você escolhe apenas o candidato, e não as pautas que o mesmo irá propor para se tornarem leis, e quando a lei não é do seu agrado, a desculpa é de que você escolheu o político para te representar. Porém, a grande verdade é que não apenas o político não representa seus interesses, apenas o dele e de sua elite, como nenhuma outra pessoa é capaz de representar seus interesses e opiniões de forma tão precisa que não seja você mesmo, pois cada ser humano é diferente. Um exemplo claro disso são irmãos gêmeos que, mesmo muito parecidos, não fazem as mesmas escolhas na vida, tendo, como consequência, resultados e formas de pensar diferentes.
Portanto, mesmo eleições livres não são a garantia de um futuro melhor. Como vimos inúmeras vezes na história, a vontade da maioria nem sempre é a mais correta, como evidenciado quando os brasileiros elegeram o Lula, mas a crítica vai além. De acordo com Hans Hermann Hoppe em "Democracia, o deus que falhou", a democracia, que nada mais é do que o governo da maioria, sempre será incompatível com a propriedade privada e os direitos individuais. Portanto, a democracia se configura não apenas como a ditadura da maioria sob a minoria, mas uma opressão contra o ser mais oprimido da história da humanidade: o indivíduo.
De acordo com Hoppe, a sociedade de leis estatais é injusta por natureza. Segundo os contratualistas como Thomas Hobbes, o estado natural do indivíduo é a violência e o caos, e o estado surge como um mal necessário para impedir as agressões entre os indivíduos. Porém, tal argumento cai em contradição se considerarmos que, ao forçar o indivíduo a seguir leis injustas e roubar seu salário e patrimônio, o mesmo está realizando a maior das agressões, uma agressão sistemática contra a sociedade que se repete a cada dia, mês e ano.
A alternativa para a injustiça estatal é a sociedade de leis privadas. Neste sistema, também chamado de anarco-capitalismo, o indivíduo tem direito a legítima defesa contra quem tente o agredir em qualquer hipótese e possui outros axiomas derivados deste, como a propriedade privada. Pode parecer distante de nossa realidade, mas em muitos momentos, especialmente fora dos grandes centros, já vivemos o Ancapistão de forma intermitente. Devido a imensidão que são países como o Brasil, a fiscalização não dá conta de todo o território, e só aparece quando há uma denúncia, por exemplo.
A verdade é que o estado não existe como entidade, mas como uma abstração. Ele é exercido por meio do aparato coercitivo e comandado por políticos e burocratas, que fazem e aplicam as leis, e tal desenvolvimento vai mais além. Como o estado é composto por funcionários públicos e políticos, e devido ao mesmo ser ineficiente por natureza, qualquer serviço fornecido é feito de forma muito melhor pelo setor privado. Há diversas formas de combater o estado, como o agorismo, por exemplo, mas todas as ideias que defendem a liberdade verdadeira e genuína tem um objetivo em comum: uma sociedade sem estado, pois a sociedade existia antes da criação do estado, e irá continuar existindo depois de seu fim. Afinal, não há outra alternativa para uma sociedade verdadeiramente livre e próspera que não seja o libertarianismo.
Eleições Venezuelanas de 2024:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_presidenciais_venezuelanas_de_2024
Morte de Chávez:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/03/morre-aos-58-anos-o-presidente-da-venezuela-hugo-chavez.html
Caminho da servidão:
https://www.infomoney.com.br/colunistas/ifl-instituto-de-formacao-de-lideres/resenha-do-livro-o-caminho-da-servidao/
Doença Holandesa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_holandesa
Preço do petróleo:
https://www.indexmundi.com/pt/pre%E7os-de-mercado/?mercadoria=petr%C3%B3leo-bruto&meses=300
Democracia, o deus que falhou:
https://www.amazon.com.br/Democracia-Deus-falhou-Hans-Hermann-Hoppe-ebook/dp/B078JC2FDX
Contratualismo:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Contractualismo