O governo de Javier Milei lança uma nova nota de 20 mil pesos, em resposta à desvalorização da moeda. Mas a culpa disso é do Milei?
O governo argentino lançou, nos últimos dias, uma nova cédula de sua moeda, com valor de face de 20 mil pesos. A nova nota, que se tornou a maior dentre todas as que circulam na Argentina, chegou às agências bancárias e aos caixas eletrônicos no dia 14 de novembro. A cédula de 20 mil pesos traz estampado o rosto de Juan Bautista Alberdi, importante jurista e economista liberal argentino do século 19, e que foi bastante influente na redação da Constituição de 1853.
Embora o valor nominal dessa nova nota seja consideravelmente alto, seu valor real não é tão substancial assim. Na cotação atual, essa cédula vale cerca de R$ 115. Como o real não está em um momento muito favorável, vale a pena comparar esses 20 mil pesos com uma moeda mais forte, como o dólar. Pois bem: a nova nota em circulação na Argentina equivale ao expressivo valor de… 20 dólares! É exatamente isso que a inflação faz com o dinheiro: destrói seu poder de compra.
A verdade, contudo, é que o lançamento dessa nova nota não chega a ser uma grande surpresa. O governo de Javier Milei não apenas tinha planos para a adoção de cédulas com valor de face mais alto, como já havia colocado em circulação, no mês de maio deste ano, uma nota de 10 mil pesos. Aliás, essa era uma ideia que havia sido protelada pelo governo anterior, num momento em que a necessidade de se adotar notas com valores de face mais altos já era gritante. Por sinal, a ideia do governo Alberto Fernández era usar o rosto de ninguém menos que Lionel Messi para estampar essa nota! Se quiser mais detalhes sobre esse caso, recomendamos nosso vídeo: "ARGENTINA planeja emitir NOTA de 10 MIL PESOS" - link na descrição.
É fácil entender a inevitabilidade da adoção de notas com valor mais alto na Argentina. Acontece que os preços, no país, estão nominalmente elevados. Hoje, um pacote de macarrão custa 1400 pesos, enquanto um pacote de arroz custa 1500 pesos. Já a mensalidade de um plano de saúde custa, em média, 200 mil pesos. Agora, imagine só o inferno que devia ser, para um argentino, fazer compras usando cédulas que iam, no máximo, até 2 mil pesos!
Mas os motivos para adoção de cédulas maiores vão além disso. Imprimir dinheiro fisicamente tem um custo, que pode ser bastante elevado. A verdade é que, durante muito tempo, a expansão da base monetária argentina foi tão grande que a Casa da Moeda do país sequer era capaz de imprimir todas as cédulas necessárias, precisando importar notas do Brasil e do Chile, por exemplo. Então, ao aumentar o valor de face, é possível imprimir mais dinheiro - ou, na atual situação, renovar a base monetária - usando menos cédulas e, portanto, com custos menores.
Notas com valor de face mais alto também permitem reduzir o custo de transporte até as agências bancárias e também com a manutenção dos caixas eletrônicos. Afinal de contas, é possível transportar, hoje, a mesma quantidade de dinheiro com 10 vezes menos notas do que no governo anterior. Então, a adoção de uma cédula com valor de face maior é uma medida tão boa e tão necessária, nas atuais circunstâncias da Argentina, que isso levanta uma importante pergunta: por que essa medida não foi tomada antes?
E, bem, também essa pergunta tem uma resposta relativamente simples de se compreender. A verdade é que a adoção de notas maiores traz, consigo, um verdadeiro efeito psicológico. Nós passamos por isso aqui no Brasil, há não muito tempo, com a adoção da nota de R$ 200. Aliás, essa cédula não foi exatamente muito bem aceita pelos brasileiros… O fato é que, também em economia, o que os olhos não veem, o coração não sente. E, neste caso, o bolso também não.
Desçamos à explicação desse ponto. Em primeiro lugar, é preciso lembrar a definição de “inflação”. Ao contrário do que a grande mídia diz, e do que o estado faz crer, inflação não é aumento de preços - ela é o aumento da base monetária, ou seja, do dinheiro em circulação na economia. Tipicamente, governos são perdulários e gastam mais do que arrecadam. Seus constantes déficits são financiados, ainda que indiretamente, com emissão de mais moeda. Essa impressão de dinheiro criado do nada é, em síntese, a definição real de inflação.
Só que esse excesso de moeda se reflete nos preços - e é aí que a confusão costuma acontecer. O dinheiro, assim como qualquer outra coisa na economia, está sujeito à lei da oferta e da demanda. Como a oferta de moeda cresceu com a inflação, o valor dessa moeda tende a cair. Logo, todos os demais preços, quando cotados nessa moeda, ficam nominalmente maiores. Mas não são os produtos que ficaram mais caros: é a moeda que vale cada vez menos. E este fato nos revela que não é o empresário malvadão que aumentou os preços dos produtos - como alguns socialistas propagam por aí -, mas o governo que destruiu o poder de compra do seu dinheiro.
O governo de Alberto Fernandez, como bem sabemos, imprimiu dinheiro de forma constante e consistente, como se não houvesse o amanhã. Por se tratar de um governo desequilibrado, do ponto de vista fiscal, e profundamente endividado, a impressão de dinheiro se tornou inevitável. Some isso às constantes intervenções na economia, promovidas pelos políticos peronistas, e você vai achar a Argentina de antes muito parecida com o Brasil de agora… Mas, divago. Voltemos ao tema principal deste vídeo.
Preços subindo são um terror para qualquer político, porque levam à insatisfação popular. Por isso, o governo de Alberto Fernandez começou a fornecer subsídios aos comerciantes para que estes segurassem os preços dos produtos, a fim de maquiar os efeitos da inflação que já havia acontecido. Só que esses subsídios - adivinhe só! - eram bancados com mais dinheiro impresso do nada, transformando esse problema em uma verdadeira bola de neve. E, mesmo com todos esses subsídios, os preços ainda subiam, causando revolta popular - e a eleição de Javier Milei nos prova isso.
Como os preços continuavam a subir, era de se esperar que Fernandez instituísse cédulas com valor de face mais elevado. A verdade, contudo, é que a impressão de notas maiores significa, basicamente, assumir que a inflação de fato chegou - assumindo também, de quebra, o fracasso da economia estatal. E isso, Alberto Fernandez não queria. Por isso, ele empurrou o problema com a barriga por vários meses, obrigando os argentinos a negociar com notas cada vez mais desvalorizadas.
Porém, com Javier Milei, as coisas são diferentes. O presidente libertário não gosta dessa ideia de enganar o povo, preferindo mandar a real sobre os problemas econômicos argentinos. Por isso, logo no início do seu mandato, ele liberou todos os preços que antes estavam subsidiados. E, nesse momento, todos os preços dispararam. Foi culpa dele? Naturalmente, não. O aumento de preços foi, apenas, a resposta do mercado à inflação que já havia acontecido - foi apenas um ajuste natural do mercado. Então, com preços ainda mais altos do que antes, era inevitável ter que adotar cédulas com maior valor de face - e foi exatamente isso que aconteceu.
Agora, não é impossível vermos notas de peso ainda maiores num futuro próximo. Afinal de contas, conforme já foi referido, a nova cédula de 20 mil pesos equivale a R$ 115. E, aqui no Brasil, nós temos uma nota que vale mais do que isso. De qualquer forma, ao que tudo indica, o pior da inflação já passou na Argentina; e, a partir daqui, tudo o que for feito em matéria de política monetária será, apenas, com o objetivo de organizar a casa.
Até porque a inflação - a real, que foi explicada neste vídeo - já acabou na Argentina, em meados deste ano. Nós também já falamos sobre isso em outro vídeo aqui do canal, de nome: "JAVIER MILEI conseguiu o IMPOSSÍVEL: ARGENTINA atinge INFLAÇÃO ZERO em julho!" - link na descrição. E é por isso que, mês após mês, o índice de aumento de preços na Argentina tem caído. Se, no primeiro mês do mandato do Milei, esse índice alcançou 25%, no mês de outubro, essa taxa foi 10 vezes menor!
É certo, portanto, que todas as atitudes tomadas por Milei, no que se refere à moeda argentina, são corretas. Ele parou de imprimir dinheiro, para não desvalorizar o dinheiro de seus governados. E, na sequência, ele mandou imprimir notas maiores, mais adequadas à realidade do atual valor do peso argentino. Ambas as medidas tendem a ter um impacto psicológico forte; mas Milei não foi eleito para dourar a pílula. Ele foi eleito para mandar a real e para consertar a Argentina do desastre das políticas econômicas adotadas pelos peronistas.
Ainda assim, esse caso nos ajuda a compreender a grande furada que é a moeda estatal. Sim, é possível imaginar que determinado governo seja capaz de preservar o valor de sua moeda, tomando decisões econômicas sensatas e bem fundamentadas. Porém, 4 anos depois, tudo pode ir por água abaixo. Lembre-se que, tanto no Brasil, quanto na Argentina, poucos anos foram necessários para que a moeda estatal fosse completamente destruída. Confiando em sua paciência, vamos recomendar um terceiro vídeo, desta vez, do canal AncapSu Classic: “Como a Argentina chegou na hiperinflação” - link na descrição.
Por isso, talvez a melhor estratégia seja não confiar na boa vontade e na competência dos políticos. Talvez, o melhor seja buscar uma moeda que não seja passível de desvalorização, por ser imune à ação do estado, e cujo valor de face nunca mude. Uma moeda descentralizada, como o Bitcoin, que não dependa de presidentes libertários e de bons ministros da economia para ter sua estabilidade e sua escassez matemática garantidas. Assim, o patrimônio dos argentinos - e de todos os demais que adotarem tal moeda - estará a salvo das garras estatais.
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/01/18/brasileiros-reclamam-precos-argentina.htm
ARGENTINA planeja emitir NOTA de 10 MIL PESOS:
https://www.youtube.com/watch?v=fhIN53hfK5A
JAVIER MILEI conseguiu o IMPOSSÍVEL: ARGENTINA atinge INFLAÇÃO ZERO em julho!
https://www.youtube.com/watch?v=P-3bhYLJgpo
Como a Argentina chegou na hiperinflação:
https://www.youtube.com/watch?v=AmbRe3cA-9Y