17 Jun. 2024
Escritor: QuintEssência
Revisor: Historiador Libertario
Narrador: QuintEssência
Produtor: QuintEssência

Governo de TÓQUIO lança TINDER ESTATAL para aumentar a TAXA DE NATALIDADE: vai funcionar?

O Japão vem enfrentando sérios problemas relacionados ao decréscimo de sua população - e isso há um bom tempo. Não bastasse a população japonesa estar envelhecendo cada vez mais, também os nascimentos têm sido reduzidos às suas mínimas históricas. A taxa de fecundidade - ou seja, a quantidade de filhos por mulher - caiu dos já baixos 1,26, em 2022, para 1,20, em 2023. Para que tal taxa seja sustentável, ela tem que ser superior a 2. Sabe há quanto tempo o Japão está abaixo desse mínimo? Há meio século - mais precisamente, desde 1973. Pois é: esse é o tamanho da encrenca.

Nós já abordamos esse tema aqui, no canal, em diversas oportunidades. Deixamos, como recomendação, os vídeos: “O JAPÃO está a caminho de um COLAPSO DEMOGRÁFICO”; e: “No JAPÃO, são vendidas mais FRALDAS para IDOSOS do que para BEBÊS: o COLAPSO DEMOGRÁFICO vem aí!”. Os links estão na descrição deste vídeo.

Como se isso não fosse o suficiente, o número de casamentos no Japão também despencou, entre 2022 e 2023. Por outro lado, o número de divórcios só fez crescer. Junte a isso o fato de que o número de mortes em 2023 foi o dobro do número de nascimentos, e você vai perceber que o Japão está mesmo com os dias contados. Nesse cenário, é natural que os governantes comecem a quebrar a cabeça para tentar encontrar uma solução mirabolante para esses problemas. Ao que tudo indica, o governo de Tóquio, a capital do país, optou por adotar uma iniciativa bastante inusitada, para incentivar a procriação do povo japonês.

Enquanto que as iniciativas estatais, por todo o Japão, vão desde propaganda, até mesmo a subsídios generosos concedidos a casais que resolvem ter filhos, o governo da capital resolveu dar um passo adiante. Os burocratas de Tóquio decidiram lançar um aplicativo de relacionamentos - uma espécie de Tinder, só que com a chancela estatal - para solucionar esse grave problema demográfico.

A lógica por trás desse plano pitoresco é até simples de compreender: o governo da capital está apostando em fatores culturais. É que, de acordo com pesquisas mais recentes, de cada 3 mulheres japonesas, 2 afirmam que o casamento é um pré-requisito para a maternidade. Em alguns países europeus, o número de mulheres que discordam desse posicionamento chega a 80%! Ou seja: de acordo com a interpretação estatal desses números, incentivar o casamento poderia aumentar o número de nascimentos no país.

Em tese, muitos casamentos foram adiados na época da pandemia. E isso, por sua vez, fez com que o número de nascidos nos anos pós-pandemia atingisse suas mínimas históricas. Bem, como vimos, o Japão está definhando há muito mais tempo que isso; porém, para o bem do argumento, vamos aceitar, pelo menos por enquanto, essa lógica estatal.

Acontece que o número de solteiros no Japão tem crescido de forma consistente, em todas as faixas etárias. Veja, por exemplo, que, em 1980, o índice de mulheres japonesas entre os 30 e 34 anos que eram casadas era de quase 100%. Agora, esse número caiu para 65%. Segundo pesquisas, 2/3 dos solteiros afirmaram querer se casar um dia. Só que desses, 70% não estavam fazendo nenhum esforço nesse sentido. Então, o governo resolveu dar um empurrãozinho nesses indecisos.

A ideia por trás da iniciativa do governo de Tóquio é apostar em um aplicativo dedicado à busca por um casamento - e não apenas para a curtição, como é comum nos concorrentes hoje disponíveis. Embora o sistema esteja ainda em fase de testes, já é possível entender bem o seu funcionamento - e suas diferenças. Por exemplo: durante o cadastro, o usuário precisa fazer um “teste de diagnóstico de valores”. Além disso, o usuário também pode indicar quais características deseja encontrar em um futuro parceiro.

A partir daí, a inteligência artificial do aplicativo vai fazer a mágica de encontrar o parceiro ideal para cada gosto pré-indicado. A ideia é justamente facilitar a vida dos solteiros que querem se casar, mas não sabem por onde começar. Para participar do aplicativo, é preciso ter mais de 18 anos, e morar ou trabalhar em Tóquio.

Eu sei: isso soa bastante engraçado. Porém, acredite ou não, muita gente gostou dessa ideia. Até mesmo o Elon Musk em pessoa aplaudiu essa iniciativa. Em sua conta no X, o bilionário afirmou: “Estou feliz que o governo do Japão reconheça a importância deste assunto. Se não forem tomadas medidas radicais, o Japão (e muitos outros países) desaparecerão!”.

O número de entusiastas dessa ideia estatal chega a surpreender. De acordo com algumas análises, o aplicativo desenvolvido pelos burocratas de Tóquio tem uma clara vantagem em relação aos seus concorrentes privados — como o citado Tinder, o mais famoso do tipo. Acontece que esses aplicativos comerciais saem perdendo se seus usuários decidirem se casar; afinal de contas, um casado é, em tese, um usuário a menos para a plataforma. Portanto, o incentivo desses aplicativos é à promiscuidade e à multiplicidade de parceiros, e não aos relacionamentos fixos. Dessa forma, eles não atenderiam às necessidades do governo e, supostamente, do povo japonês.

Deixando toda a estranheza de lado, podemos concluir algumas coisas bastante interessantes a esse respeito. O ponto de que a crise demográfica japonesa é tão grave, que até o governo está desesperado, nós nem precisamos demonstrar; isso é bastante óbvio. Mas veja como, por mais paradoxal que isso pareça, é na ideia de um aplicativo de relacionamentos que podemos ver o próprio estado reconhecendo como os clássicos valores naturais do casamento são importantes.

Pense, por exemplo, na exigência de declaração de renda para fazer o cadastro no aplicativo do governo de Tóquio. Isso, basicamente, representa a importância de possuir meios de subsistência para bancar um relacionamento. Ou seja: a humanidade rodou, rodou, e parou no mesmo lugar de antes: a capacidade de manter uma casa e uma família é mais importante que o resto! Alguns, agora, citam o papel de casamenteiro do governo japonês. Quem diria, não é mesmo?!

Porém, tudo isso não passa de uma grande frivolidade. Não adianta o estado fingir ser o que não é, ou se importar com o que para ele nunca teve a menor relevância. O estado sempre foi o promotor da desestruturação familiar, ano após ano. Isso sempre foi visto, por toda parte: propaganda estatal contra famílias numerosas, a interferência do estado nas relações familiares, a escola estatal como antro de doutrinação, perseguição aos progenitores, etc. E, é claro, os impostos - muitos impostos. Tributos que impedem a formação de patrimônio, que reduzem o patrimônio formado, e que dissipam o patrimônio herdado.

Portanto, talvez fosse mais interessante o estado parar de atrapalhar o estabelecimento natural das famílias, ao invés de criar aplicativos de relacionamento - coisa que o mercado já faz muito bem, obrigado. Durante séculos, os seres humanos aumentaram seu número por meio de sólidos casamentos, com famílias numerosas. Ou seja, essa é a situação natural do homem. De repente, isso cessou. Adivinha qual é a causa principal desse cenário? Pois é: a ação do estado.

É claro que alguém pode argumentar que a humanidade seguiu uma tendência para a redução no número de filhos, porque é justamente isso que levou a sociedade a um maior grau de riqueza. Acontece que as sociedades ocidentais ricas já eram ricas quando os filhos ainda eram numerosos. Existe outro fator, para além da formação de riqueza, que provocou essa mudança estrutural: a interferência do estado na vida das famílias.

Apenas pare pra pensar: sem ter capacidade de possuir uma casa confortável, como vou acomodar muitos filhos? Se o que resta ao cidadão é morar em uma lata de sardinhas, então é melhor continuar solteiro. Se o que resta para meus filhos é gastar uma fortuna para dividir meu espólio, melhor não acumular patrimônio algum. E se eu não puder ser capaz de criar meus filhos sem um burocrata tentando tirá-los de mim a todo momento - bem, então, talvez seja melhor mesmo sequer ter filhos.

Portanto, a solução para o problema demográfico do Japão não passa por aplicativos de celular - o problema é muito mais complexo. E, o principal de tudo: sua causa, o estado, continua aí, fazendo das suas traquinagens. Por outro lado, é curioso ver que o governo de Tóquio bateu na trave, nesse ponto. Esses políticos compreenderam que a solução para a queda na taxa de natalidade está na tecnologia. Porém, eles erraram, ao acreditar que a resposta ao problema seria obtida por meio de aplicativos estatais. Na verdade, a tecnologia de que estamos falando é o Bitcoin. Mas isso é tema para outro vídeo.

Referências:

https://www.japantimes.co.jp/commentary/2024/06/11/japan/tokyo-government-tinder/ O JAPÃO está a caminho de um COLAPSO DEMOGRÁFICO: https://www.youtube.com/watch?v=gB7UeCFURU4 No JAPÃO, são vendidas mais FRALDAS para IDOSOS do que para BEBÊS: o COLAPSO DEMOGRÁFICO vem aí! https://www.youtube.com/watch?v=gzFx3Lpjhdg

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