O preço dos alimentos tem aumentado de forma considerável no Brasil. E, para além dos fatores climáticos, a verdadeira culpa nessa história, é claro, é do governo Lula.
Que o aumento de preços é um estorvo para todo mundo, disso ninguém tem dúvidas - e o histórico do Brasil, bem como de outras nações latino-americanas, como Cuba, Venezuela e Argentina, reforça essa percepção. Contudo, é fato também que, especialmente para a realidade brasileira, a inflação tem castigado, de maneira mais intensa, a população mais pobre. Agora, temos números que demonstram isso de forma estatística - com destaque para aquilo que é mais importante para o orçamento das famílias mais pobres: a alimentação.
Apenas nos três primeiros meses de 2024, o preço dos alimentos no Brasil disparou 2,95%. Nesse mesmo período, a variação do IPCA - o índice oficial, usado para medir a inflação geral, pelos termos estatais - foi de 1,25%. Ou seja, o preço dos alimentos avançou duas vezes mais rápido do que a média geral de todos os produtos, na economia brasileira. E, como os alimentos são fundamentais na vida de qualquer pessoa, e pesam mais no salário dos mais pobres, esse cenário representa um grande problema para o típico brasileiro.
Obviamente, até este momento, usamos a definição estatal para “inflação” - o que, é claro, está a anos-luz da realidade. A inflação, segundo nos ensina a mais sólida doutrina econômica, nada mais é do que o aumento da base monetária - ou seja, o governo imprimindo mais dinheiro, e o lançando na economia. O aumento de preços é apenas a consequência mais visível dessa inflação - e sim, a subida geral de preços na economia é inevitável, quando falamos do aumento da base monetária. Dito isso, continuaremos a usar a definição estatal de inflação - pelo menos por ora.
Mesmo diante dessa explicação econômica, é preciso assumir: a coisa no Brasil está realmente feia. O preço dos alimentos tem aumentado, de forma contínua, desde setembro do ano passado - tendo ficado acima da média da inflação desde outubro de 2023. Em 2024, os campeões da inflação dos alimentos foram a cenoura (com um aumento de quase 60% em seu preço) e a batata (quase 40% mais cara do que no fim do ano passado). Também a banana já não é mais vendida a preço de banana. Já o arroz e o feijão, o qual são a base do prato do brasileiro (e fica a polêmica de qual deve ficar por cima) já subiram mais de 10% cada, apenas este ano.
O cenário é tão preocupante, que o próprio Lula decidiu convocar uma reunião ministerial para debater esse tema com o seu gabinete. A verdade é que o Molusco sabe bem - e com razão - que o aumento de preços é uma tragédia para sua imagem política. A partir de conversas de bastidores, já sabemos que a expectativa do governo Lula é que haja uma redução no preço dos alimentos já neste mês de abril - seja por meio de intervenções diretas na economia, seja por pressão junto aos produtores.
Ok, antes de colocarmos os pingos nos is, precisamos, sim, assumir que os preços dos alimentos tendem a ter uma variação sazonal bastante acentuada. Determinados alimentos, por exemplo, são mais produzidos em determinadas épocas do ano - e temos aí um claro efeito da lei da oferta e da demanda. Alimentos “da época” têm uma oferta maior e, portanto, seu preço cai; de forma oposta, alimentos que “não dão” nesta época do ano, tendem a ter uma oferta menor e, assim, apresentam um preço mais elevado. Há também as consequências do efeito El Niño, que já vinha sendo previsto há algum tempo - com suas ondas de calor, falta de chuva em algumas regiões e excesso de chuva em outras, tudo isso causando quebras de safra.
Porém, não podemos nos resumir às explicações meteorológicas. No Brasil, existe um problema ainda maior que as intempéries climáticas - a ação do estado. De forma específica, neste caso, os impostos. Hoje, a carga tributária sobre alimentos no Brasil é, em média, de 22,5%. Sim: de 5 batatas que você compra no mercado, 1 vai para o governo, na forma de tributos. E adivinha só? A reforma tributária, tão comemorada pelos isentões e pela grande mídia, ao que tudo indica, vai deixar os alimentos ainda mais caros, por conta de mais impostos.
Só que, como você certamente bem sabe, não é sequer possível calcular o impacto total dos impostos no preço final da comida do brasileiro, porque a tributação indireta também é cruel, em terras tupiniquins. Afinal de contas, os impostos incidem também sobre o transporte dos produtos, sobre o seu armazenamento, e também na mão de obra empregada, na importação dos insumos… enfim, por conta dessa cadeia tributária, tudo chega artificialmente caro à mesa do consumidor. É exatamente isso o que estamos afirmando: por causa dos impostos, o governo faz com que o brasileiro sofra mais para conseguir colocar comida na mesa.
E quando você inclui, nesse debate, o fator da desvalorização monetária, então o problema estatal fica realmente gritante. E sim: chegou o momento de, finalmente, pararmos de usar a definição estatal de inflação, para falar do grande problema do aumento da base monetária. Atualmente, essa expansão da quantidade de dinheiro em circulação na economia é feita por meio da emissão de dívida pública. Agora, pare para pensar que, em 2023, o déficit nominal do governo brasileiro foi de quase R$ 1 trilhão! É óbvio que não existe tanto dinheiro disponível assim para ser emprestado para o estado; portanto, apenas o aumento da base monetária explica a possibilidade de tanta dívida assim ser tomada pelo governo brasileiro.
E se temos mais dinheiro em circulação na economia, a tendência é que a moeda fique mais desvalorizada, e que os preços subam cada vez mais. Veja, portanto, que também aí a ação do estado é a raiz do problema - e o pior de tudo: é justamente aquilo que nunca é combatido. Ou você acha que, em 2024, ou em qualquer outra época da história brasileira, o governo vai conseguir equilibrar suas contas? Não: é muito mais fácil culpar o produtor e o comerciante por esse cenário; afinal de contas, como nos ensina o Homer Simpson, se a culpa é do governo, ele a coloca em quem ele quiser!
São essas circunstâncias, portanto, que nos dão a plena certeza de que, quando o El Niño finalmente passar - e se o La Ninã não continuar bagunçando tudo, logo na sequência - os preços dos alimentos não voltarão aos antigos patamares. Esses produtos estão historicamente ficando mais caros, em reais, ano após ano. Não é difícil perceber isso, basta ver aquelas imagens demonstrando o quão cheio poderia ficar um carrinho de supermercado antes, com R$ 100, e comparar com o cenário atual, para você compreender isso de forma bastante didática.
Falar dos impactos da inflação - a real, não aquela divulgada por meio do IPCA estatal - sobre os alimentos é importante, por nos mostrar o quão danoso esse efeito pode ser, no que se refere ao poder aquisitivo dos mais pobres. Poucos dias atrás, falamos, aqui no canal, sobre o Plano Real, no vídeo: “O MAIOR programa SOCIAL da história: Plano Real completa 30 ANOS com muita DESVALORIZAÇÃO” - link na descrição. Se, por um lado, o advento do real estancou a sangria da inflação, que destruía o poder de compra dos mais pobres por décadas a fio, por outro lado, as décadas subsequentes não foram tão favoráveis para a nova moeda. A inflação já fez o real perder quase 90% do seu valor, desde 1994; e quem sofre as consequências dessa desvalorização, de forma mais intensa e cruel, é justamente o mais pobre.
A verdade, contudo, é que o governo Lula não quer tanto assim que os alimentos fiquem mais baratos - e, vamos ser sinceros, isso se aplica, também, a todos os outros governos. Se isso fosse realmente verdade, o governo atacaria a raiz do problema, cortando os impostos que incidem diretamente sobre os alimentos, e sobre sua cadeia produtiva, e reduzindo os gastos estatais, para não precisar imprimir mais dinheiro. Se isso fosse feito, em pouco tempo veríamos a mesa do pobre cheia de uma grande variedade de alimentos, sem que isso pesasse tanto no orçamento familiar.
Mas o Lula não está nem aí para o pobre - ele está preocupado, apenas, com sua própria imagem política. Portanto, sua preocupação, no momento, não se refere ao orçamento das famílias pobres, mas sim à sua popularidade, que despenca, na medida em que o preço dos alimentos dispara. Dessa forma, é bem provável que o molusco siga pelo caminho errado - o da intervenção estatal na economia, emulando aquilo que seus vizinhos socialistas da Argentina fizeram nos últimos anos. Se isso realmente acontecer - bem, poderemos esperar, apenas, uma piora de um cenário que já está ruim, com um impacto ainda maior sobre a fatia mais pobre da população.
Reunião Ministerial do Lula:
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/03/14/governo-espera-queda-no-preco-dos-alimentos-em-abril.ghtml
Carga tributária média sobre alimentos:
https://www.camara.leg.br/tv/205158-em-media-22-do-preco-dos-alimentos-e-de-impostos/
Mais impostos nos alimentos:
https://www.poder360.com.br/conteudo-patrocinado/aumento-de-imposto-sobre-alimentos-pode-afetar-consumo/
O MAIOR programa SOCIAL da história: Plano Real completa 30 ANOS com muita DESVALORIZAÇÃO:
https://www.youtube.com/watch?v=4t9ZUckvALI