Itaú traz MADONNA para o BRASIL, mas a prefeitura do Rio quer levar todo o crédito.

A cantora Madonna fará um show em Copacabana, que vai atrair um grande público para o Rio de Janeiro. Mas isso é bom para a cidade? Quem exatamente é o responsável pela vinda da cantora?

Depois de 12 anos, a rainha do pop voltará ao Brasil. No dia 4 de maio, Madonna vai se apresentar na Praia de Copacabana. O show será gratuito para o público e a expectativa é de pelo menos 1 milhão de pessoas, o que é um número impressionante. O famoso banco Itaú será o realizador deste grande evento.

No ano passado o Itaú fez um rebranding, isto é, refez o seu logo, alterou sua identidade visual e algumas diretrizes de comunicação. Remodelou a sua marca para mostrar como se tornou um ícone, além de ter solidez e estar sempre em transformação. Para a primeira campanha, chamou nomes de peso, como Ronaldo Fenômeno, Fernanda Montenegro e, de forma surpreendente, Madonna. Essas pessoas são uma metáfora do que o banco deseja mostrar: que é duradouro, mas se transforma. Ou melhor, é duradouro porque se transforma.

O show da rainha faz parte da campanha do Itaú, que muito provavelmente está pagando uma pequena fortuna para ela vir para as terras tupiniquins. Só para o primeiro anúncio, estima-se que Madonna tenha ganhado cerca de 60 milhões de reais. Agora, imagine o quanto o banco laranja está pagando para ela dar um show completo em plenas areias de Copacabana.

Este é um exemplo interessante de externalidade positiva, quando pessoas de fora de um negócio se beneficiam dele. Repare que o negócio é entre Itaú e clientes, ou Itaú e TV Globo. Mas 1 milhão de pessoas serão beneficiadas com um show gratuito. Por mais que pareça estranho, mesmo empresas privadas podem fazer shows de graça. O mesmo vale para patrocínio de projetos sociais, eventos esportivos e diversas outras ações empresariais não diretamente relacionadas a faturamento. No caso do Itaú, um dos benefícios da ação de marketing é reforçar seu vínculo com a Madonna, e o que ela representa. Além disso, é bem provável que a TV Globo, que vai transmitir o show, tenha comprado o direito de imagem do Itaú, ajudando a custear o evento.

Os críticos do livre mercado argumentam que se não fosse o bendito papai estado, não haveria eventos culturais, muito menos gratuitos. Está aí um belo contraexemplo. Por diversos motivos, empresas podem fazer eventos gratuitos, como ação de marketing, ganho indireto com publicidade e até filantropia. Não há a menor necessidade do ente estatal obrigar o povo a dar dinheiro a ele, com a desculpa de gerar cultura. Isso, na verdade, é mais uma mentira para o governo ter o poder de moldar a cultura em benefício da elite dirigente, que passa a se tornar uma propaganda política. E não é difícil fazer isso quando praticamente a maior parte da classe artística está louca para ganhar uma fortuna em cima desse circo.

Aqui há uma importante lição sobre o governo decidir investir em lazer. A maior parte das necessidades da população pode ser suprida pela venda direta de produtos e serviços: o maravilhoso capitalismo. Outras necessidades podem ser supridas por ações como o show da Madonna, com ganhos indiretos. Obviamente, as necessidades humanas não param por aí, já que são infinitas. Puxa-sacos do estado e os socialistas de plantão sempre vão apontar algum desejo da população que não está sendo suprido e querer colocar o leviatã no meio. Por isso vivem criando “direitos” para de tudo e para todos. Eles não entendem, no entanto, que certas coisas dependem de uma maturidade econômica da sociedade em geral. Quanto mais próspera uma sociedade, mais vão aparecer gastos desse tipo, que não são tão essenciais.

Em uma sociedade pobre, todos estão vendendo o almoço para comprar a janta, então não sobram recursos para necessidades mais subjetivas, como o lazer e o entretenimento. Quando o governo se coloca como salvador da pátria e realiza grandes eventos, ele pode estar punindo a população, que gastaria o mesmo dinheiro em necessidades mais essenciais. Se naturalmente não estiverem surgindo eventos financiados pelo setor privado, é por algum motivo. Não tem que vir nenhum governo usar da coerção para recolher impostos e realizar o que a livre iniciativa não fez.

Mas temos que dar o braço a torcer e aceitar que tem uma coisa que o governo é bom. O governo é ótimo em tentar roubar o crédito da iniciativa privada. Veja esta manchete completamente cara-de-pau que a prefeitura do Rio publicou: "Show de Madonna vai movimentar 293,4 milhões de reais na economia e dar aos cariocas um retorno 30 vezes maior do que o valor investido pela Prefeitura em patrocínio". Ora, é verdade que a prefeitura vai investir 10 milhões de reais em patrocínio do evento. Mas, definitivamente, os quase 300 milhões de reais movimentados na economia são fruto do gigantesco investimento do Itaú que está por trás da coisa toda. Os 10 milhões da prefeitura talvez ajudem a pagar o café da manhã ou as pantufas da cantora.

Antes que você pense que este vídeo é uma defesa do Itaú, ou de grandes bancos, lembre-se que eles só têm esse tamanho colossal no Brasil por causa das regulações estatais. A última coisa que existe no Brasil é abertura para novos players entrarem no mercado. O governo cria uma série de regras para o mercado financeiro, que acaba favorecendo as grandes empresas, em detrimento das pequenas. Você já reparou que não se pode emprestar dinheiro com juros em qualquer lugar? Só pode fazer isso quem tem autorização do Banco Central. Não importa que você seja uma pessoa pacífica fazendo trocas voluntárias com outras pessoas pacíficas. Se cometer o suposto crime de agiotagem, a polícia estatal vai bater na sua porta. Com isso, os grandes bancos fazem a festa e tomam todo o mercado.

Mas voltando aos quase 300 milhões que vão circular na economia. A movimentação da economia é mais uma das externalidades positivas que o evento vai gerar. Cada turista que vem ao Rio para prestigiar o show, naturalmente gastará em hotel, alimentação, transporte e passeios turísticos. Assim funciona a economia, quando empresas geram valor, toda a cadeia de produção é beneficiada e todos saem ganhando - isso refuta a narrativa de que o mercado é um jogo de soma 0. O oposto ocorre quando o governo destrói valor através de impostos - toda a cadeia de produção é impactada negativamente. Tudo aquilo que é penalizado por meio de impostos, é desincentivado de continuar sendo produzido, aí está uma das causas da piora da economia sob governos de esquerda - eles são muito taxadores.

A prefeitura também comemorou que todo o dinheiro gasto será retornado. É estimado que o governo ganhe 10,2 milhões a mais que no ano anterior, em ISS para atividades relacionadas ao turismo. Ou seja, se gastou 10 milhões e arrecadou mais 10,2 milhões, significa lucro de 200 mil reais. De fato, o cofre público está intacto, parabéns aos envolvidos. Mas o cidadão foi roubado duas vezes, primeiro para bancar os 10 milhões de patrocínio e depois para repor com mais 10,2 milhões. E como já falamos, quem fez o investimento pesado foi o Itaú, sendo assim, o governo está lucrando em cima do investimento alheio. A prefeitura poderia gastar zero reais em patrocínio, que continuariam entrando os 10,2 milhões extorquidos dos trabalhadores do turismo. Mas que grande negócio o prefeito do Rio tem feito, não?

Agora vamos refletir mais sobre o gasto da prefeitura. O patrocínio vai dar bastante visibilidade ao Rio de Janeiro e de fato está bem barato. Em termos de publicidade, 10 milhões para ser o patrocinador de um show deste calibre, não é muito. Ainda assim, é sempre bom lembrar um mote famoso do marketing: "não tem marketing bom que salve produto ruim". O principal obstáculo do turismo no Rio de Janeiro é a violência. Basta entrar no Google e pesquisar sobre turismo no Rio de Janeiro, que vêm diversos sites falando sobre como se proteger da violência. Se marketing fosse milagroso, o Rio, após jogos pan americanos, olimpíadas e copa do mundo - sem mencionar sua paisagem e a beleza das cariocas -, seria uma das cidades mais visitadas do mundo, mas não é o que acontece. Um dado que mostra isso é a posição do Brasil em relação ao mundo. Estamos no modesto quadragésimo quarto lugar na lista de países que recebem mais turistas.

Não podemos esquecer que todo investimento tem risco. E o evento pode trazer até marketing negativo para o Rio. No último Reveillon, foram gravados vídeos de celulares sendo roubados, o que sempre acontece em grandes eventos. Esses vídeos rodam o mundo nas redes sociais. A cidade maravilhosa já é conhecida pela violência, e se muita gente for furtada, o estereótipo negativo do Rio será ainda mais reforçado.

Enfim, apesar da prefeitura dizer que o objetivo do patrocínio é atrair turistas, é bastante conveniente estampar o seu logotipo em pleno ano de eleições. Não se engane, caro telespectador, o objetivo de um político sempre será sua reeleição antes de qualquer coisa. Portanto, fica a pergunta: será que o alvo é mesmo o público de fora da cidade maravilhosa, ou seriam potenciais eleitores do atual prefeito? Deixamos para vocês responderem isso nos comentários.

Referências:

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/descubra-quanto-madonna-recebeu-por-proganda-do-banco-itau.phtml
https://www.itau.com.br/feito-de-futuro
https://prefeitura.rio/desenvolvimento-urbano-e-economico/show-de-madonna-vai-movimentar-r-2934-milhoes-na-economia-e-dar-aos-cariocas-um-retorno-30-vezes-maior-do-que-o-valor-investido-pela-prefeitura-em-patrocinio/
https://prefeitura.rio/wp-content/uploads/2024/04/Estudo-Impacto-Show-Madonna.pdf
https://www.dadosmundiais.com/turismo.php
https://www.metropoles.com/brasil/videos-flagram-roubos-durante-o-reveillon-em-copacabana-no-rio