12 Out. 2023
Escritor: QuintEssência
Revisor: donda
Narrador: KoreaComK
Produtor: QuintEssência

Joe Biden vai voltar a construir o muro na fronteira com o México

Make the muro great again. Os Estados Unidos estão enfrentando, mais uma vez, o problema da imigração ilegal através da fronteira do país com o México. Apenas este ano, 245 mil pessoas atravessaram de forma irregular a fronteira do país, por meio do Vale do Rio Grande, no sul do Texas. E as estimativas são ainda piores: acredita-se que, ao serem consolidados os dados de setembro, um novo recorde será alcançado.

Essa situação, por óbvio, gera uma série de transtornos para os norte-americanos - e não apenas nos estados fronteiriços. Por exemplo: o prefeito de Nova Iorque, Eric Adams, afirmou que o custo de moradias para os novos 100 mil imigrantes recém-chegados na cidade será da ordem de US$ 12 bilhões! Segundo ele, a metrópole estaria no limite de sua capacidade de receber novos imigrantes. Percebe-se, portanto, que algo saiu do controle.

É por isso que a administração Biden resolveu recorrer a uma solução que - ironia das ironias - foi muito criticada pelo Creepy Joe na campanha eleitoral de 2020: eles vão expandir o muro que separa os Estados Unidos do México. Essas estruturas de contenção ficaram muito associadas ao ex-presidente Donald Trump, por conta do seu claro posicionamento a favor dessa medida anti-imigratória.

A verdade, porém, é que esse muro já existia há um bom tempo - desde 1994, ainda que em um tamanho menor. Quando o Homem Laranja Mau foi eleito, o muro separando o território norte-americano do México já contava com 650 km instalados. Somando todas as outras barreiras existentes, já havia mais de 1000 km com algum tipo de impedimento na fronteira entre os dois países. A gestão Trump, por sua vez, foi responsável por aprovar um incremento de 80km na construção, sendo que apenas parte desse total foi efetivamente construída durante o governo do bilionário.

Sim: o muro entre Estados Unidos e México começou a ser construído pelo governo do democrata Bill Clinton, e também foi expandido durante o governo do democrata Barack Obama. Mas quem leva a fama pela construção é o republicano Donald Trump.

De qualquer sorte, o fato é que, durante a campanha presidencial de 2020, Joe Biden afirmou que, caso fosse eleito, não construiria nem mais um metro do muro. Em seus discursos, ele afirmou que o muro “não é uma solução política séria”. Pois é, parece que o jogo virou, e agora o político vai ter que fazer aquilo que os políticos fazem de melhor: descumprir suas promessas eleitorais.

É claro que as justificativas para essa ação já estão sendo colocadas. Alejandro Mayorkas, que é secretário de Segurança Interna do governo Biden e, por acaso, é cubano, afirmou que é uma “necessidade aguda e imediata” construir um novo trecho do muro, para impedir imigrantes ilegais. É curioso imaginar que, na época do Trump, isso não parecia ser uma necessidade tão grande para os democratas…

Agora, a administração Biden vai comandar a construção de 32km de seção metálica ao longo do Rio Grande, para evitar o massivo movimento migratório através da fronteira com o Texas. Essa estrutura será composta de grandes postes embutidos em uma base de concreto, além de contar com portões, câmeras e equipamentos de videovigilância. Tudo para deixar o imigrante clandestino fora do território norte-americano.

É óbvio que, logo após o anúncio dessa medida, as críticas começaram a chover sobre o governo Biden. O congressista democrata Henry Cuellar, que é do Texas, afirmou que esse muro é uma solução do século 14 para um problema do século 21. A obra causou comoção até mesmo entre os ambientalistas. Segundo eles, o muro atravessará os habitats de plantas e animais que correm perigo de extinção. A construção também violaria as leis do Ar Limpo e da Água Potável Segura - o que seria uma flechada no calcanhar de Aquiles da gestão democrata, o tema do ambientalismo.

O governo, porém, se defende, afirmando não ter opção: a grana para construir o muro, quase US$ 200 milhões, já estava prevista no orçamento federal, e não poderia ser gasta com outras coisas. Só resta a Joe Biden cumprir o que o próprio Congresso anteriormente havia aprovado. É claro que isso levanta uma série de questionamentos. Em primeiro lugar, se era uma obrigação, por que o governo Joe Biden esperou a situação migratória ficar tão caótica para construir muro? E já que esse item orçamentário não poderia ser alterado, por que o Creepy Joe prometeu, durante a campanha, não construir mais nem um pedaço do muro?

O fato é que a situação migratória está mesmo fugindo do controle das autoridades norte-americanas. O governo democrata foi eleito com a promessa de flexibilizar a imigração para os Estados Unidos; porém, talvez eles tenham acreditado que os latinos não levariam isso tão a sério. O fluxo de indivíduos oriundos de outros países americanos que se arriscam na fronteira cresceu de forma exponencial. Nós já comentamos sobre isso aqui no canal; por exemplo, no vídeo “Por que os PERUANOS estão FUGINDO de seu PAÍS?” - link na descrição.

Os democratas, agora, precisam dar o braço a torcer, tendo que recorrer à solução proposta por Trump para o problema: cercar a fronteira para que os latinos não inundem o país. As autoridades norte-americanas deixam isso bastante evidente. Segundo nota do Departamento de Estado do país, essa medida deixa claro que o governo está empenhado “em aplicar estritamente as leis de imigração e em remover rapidamente as pessoas que não se beneficiam desses processos ordenados e escolhem cruzar [a] fronteira ilegalmente”.

Esse caso, de forma geral, cai naquela velha dicotomia entre conservadores e progressistas - com um lado sendo totalmente contra a imigração, e o outro sendo favorável às “fronteiras abertas”. Obviamente, nenhuma dessas duas posições sequer arranha a superfície da sólida ética libertária, que propõe a única solução viável para esse tipo de conflito - e para qualquer outro.

O muro do Trump - que agora é muro do Joe Biden - é uma solução estatal para um problema criado pelo próprio estado: as fronteiras. Essas divisões nada mais são do que linhas imaginárias e arbitrárias, traçadas sobre um mapa. A ideia por trás dessas linhas é dividir o território, criando áreas de controle em que determinadas máfias vão poder usar da violência para impor suas regras. Mais ou menos o que acontece com o Rio de Janeiro, que tem seus territórios loteados entre facções criminosas.

Todos os que vivem dentro dessas linhas imaginárias estão submetidos a regras que não foram aceitas, e precisam pagar tributos para os seus supostos governantes. Para o estado, isso funciona muito bem - até os súditos resolverem sair de uma jurisdição, que é o nome bonitinho para a zona de controle da máfia - para outra. É aí que nasce a crise migratória, com todas as suas repercussões.

O problema não é cultural, não é étnico, não é sequer ideológico. Ele é, antes de tudo, ético. A existência de fronteiras arbitrárias, em que condições de vida absurdamente diferentes são percebidas, faz com que o risco de atravessar uns poucos metros de forma ilegal valha a pena para milhões de pessoas. A partir daí, surgem uma série de conflitos entre os moradores dos locais de destino e os imigrantes, com todas as diferenças que ambos os grupos possuem.

Porém, nada disso aconteceria, se existissem apenas as fronteiras reais e efetivas previstas pela ética libertária: as fronteiras da propriedade privada. Estamos falando de muros, cercas, arames e qualquer forma de delimitar o terreno que pertence a determinado indivíduo, separando-o da propriedade de outras pessoas, ou de terras ainda sem dono. Essas fronteiras físicas são legítimas porque realmente, em seu interior, existem propriedades que são possuídas por um legítimo dono. Este, portanto, poderá lhes impor as regras que bem entender.

Nesse cenário, a imigração só poderá acontecer com consentimento daqueles que irão receber os imigrantes. Imigração ilegal seria, basicamente, invasão de propriedade - a ser combatida como qualquer outra ação do tipo. Porém, se seu vizinho quiser receber um imigrante latino, ou muçulmano, ou oriental, ou de qualquer outra origem, em sua própria casa, não há nada que você possa fazer. Ele fará isso em seu pleno direito, respeitando os limites da propriedade privada.

Por isso, o caso do muro entre os Estados Unidos e o México não evidencia, apenas, a hipocrisia do governo democrata e de Joe Biden. Ele evidencia também como a ideia de fronteiras imaginárias e arbitrárias causa uma série de conflitos que, de outra sorte, não existiriam. Por ser uma solução estatal baseada na violação da propriedade privada, ela acaba privando indivíduos de serem aceitos em outros territórios, enquanto obriga outras pessoas a aceitarem sujeitos indesejáveis em sua região. Nada disso aconteceria, se as fronteiras reais da propriedade privada fossem respeitadas. Esse é mais um problema que pode ser colocado, integralmente, na conta do estado.

Referências:

MAPA DO MURO https://ichef.bbci.co.uk/news/800/cpsprodpb/80db/live/d21b4d40-642b-11ee-bf62-3360c46602f9.png https://www.youtube.com/watch?v=QmQfPpxqjow

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