Segundo um estudo da consultoria Henley & Partners, os milionários estão fazendo as malas e deixando o Brasil como nunca antes visto! Entre 2013 e 2024, o número de ricos que procuram um novo país para viver aumentou impressionantes 150%. E não são poucos: estamos falando de pessoas com mais de R$ 5,3 milhões em patrimônio.

Esse grupo acaba buscando destinos que ofereçam segurança, estabilidade e, claro, menos impostos. É uma verdadeira debandada dos ricaços atrás de um futuro melhor fora do Brasil e, para entender esse fenômeno, devemos começar pelo básico.

A cada quatro ou cinco anos, ocorrem as eleições trazendo uma série de mudanças políticas. Assim como na natureza, mudanças abruptas tendem a gerar movimentos migratórios. Para muitas aves, animais que normalmente possuem esse hábito, a busca de lugares com clima mais favorável para alimentação ou acasalamento é um fator decisivo para migrar. Entretanto, nós, seres humanos, não estamos muito distantes desses comportamentos primitivos.

Quando nos deparamos com um governo ultra estatista e baseado em conceitos marxistas, tal como os animais, somos compelidos a buscar condições mais favoráveis.

Para pessoas mais ricas, o fato de possuir alta renda torna o processo migratório muito mais fácil e entender o porquê disso é bem simples. Diferente do Brasil e de outros países subdesenvolvidos, onde o empreendedor é vilanizado ou o rico é sempre o vilão da história, países desenvolvidos têm como objetivo atrair esse tipo de indivíduo, pois sabem o valor agregado que eles carregam.

O Brasil será o sexto país com a maior migração de milionários para outras regiões este ano. Segundo o estudo, 800 brasileiros com um patrimônio mínimo de US$ 1 milhão deixaram o país em 2023. O êxodo brasileiro só é superado por China, Reino Unido, Índia, Coreia do Sul e Rússia.

Os motivos são diversos: a situação política, as vantagens culturais e sociais e a possibilidade de investir em propriedades de luxo para uso pessoal ou comercial em uma economia mais estável estão entre os principais motivos pelos quais os indivíduos de alto patrimônio líquido estão migrando para outros países atualmente.

Neste contexto, é sempre importante lembrar das ideias estúpidas da esquerda que tenta taxar os milionários para resolver o problema da pobreza. O erro primordial está em desconsiderar a mobilidade geográfica de quem possui alto patrimônio e também a boa-fé de que o governo usará os impostos arrecadados para resolver problemas sociais, em vez de alimentar a própria máquina estatal.

Sobre essa mobilidade geográfica, não é necessário ter muitos milhões; muitos países vinculam a exigência de visto ao investimento no país. Por exemplo, o golden visa dos Emirados Árabes Unidos inclui uma autorização de residência de 10 anos se o solicitante investir US$ 545.000 em imóveis. Na Grécia, uma autorização de residência concede a cidadania grega após 7 anos de residência no país e um investimento de 250.000 euros. Já em Portugal, existem oito opções de investimento: transferência de capital de € 1 milhão até a abertura de empresa e geração de 10 empregos.

Se você está achando tudo isso muito fora de sua realidade de afegão médio, pode buscar países mais em conta, como a Tailândia, que oferece a investidores estrangeiros vistos válidos por até 20 anos. Existem oito opções diferentes de programas. O mais barato deles exige pagamento de US$ 19 mil. Ou o Panamá, por meio do qual os candidatos podem receber o status de residência permanente em troca de um investimento imobiliário de US$ 300 mil, ou investimento em bolsa de valores de US$ 500 mil, ou depósito bancário de US$ 750 mil. Essa é uma situação em que todos saem ganhando, tanto quem imigra quanto os países para os quais eles se mudam. É claro que, quanto maior seu patrimônio, maiores são suas possibilidades de migração.

Os países estão competindo globalmente para se tornarem destinos cada vez mais atraentes para indivíduos de alto patrimônio que buscam as condições mais favoráveis para investir seu capital, e este é um movimento que vai se intensificar cada vez mais. Atualmente, as pirâmides etárias de vários países estão se invertendo, trazendo uma população mais idosa e menos produtiva. A solução para muitos países será o relaxamento das políticas de imigração, principalmente para imigrantes de países mais pobres. A disputa em um futuro não muito distante será por pessoas. Veremos um futuro em que esses valores para visto vão ser reduzidos drasticamente ou até mesmo o fato de possuir uma qualificação desejada por um determinado país será um critério para migração, tornando assim esse movimento migratório mais acessível a todas as pessoas.

Atualmente, vemos países que já possuem essa defasagem de população, como o Japão, que propôs um projeto de lei para flexibilizar as regras de imigração do país. O texto enviado ao Legislativo cria duas novas categorias de vistos para permitir que estrangeiros em setores com escassez de mão de obra, como construção, agricultura e saúde, possam atuar em seu território.

Para os países que hoje estão recebendo essas pessoas de alta renda, existem impactos positivos. Quando um milionário se estabelece em um novo país, ele traz consigo não apenas seu capital financeiro, mas também seu capital humano, conhecimento e redes de contatos. Esses fatores podem ser extremamente benéficos para o desenvolvimento econômico local.

Uma das maneiras mais diretas pelas quais a migração de milionários pode beneficiar uma economia é através da criação de empregos. Muitos milionários são empresários ou investidores que, ao se mudarem para um novo país, começam a investir em negócios locais. Esses investimentos podem resultar na criação de novas empresas, que, por sua vez, geram empregos.

Além disso, os milionários frequentemente contratam uma variedade de serviços locais, desde construção e reforma de propriedades até serviços domésticos, contribuindo ainda mais para a geração de empregos. Por exemplo, em lugares como Dubai e Singapura, a presença de um grande número de residentes milionários tem impulsionado setores como o imobiliário, hospitalidade e serviços financeiros. A demanda por imóveis de alto padrão, serviços de luxo e gestão de patrimônio tem gerado milhares de empregos, beneficiando não apenas os próprios milionários, mas também a população local.

Além da geração de empregos, os milionários que migram para novos países também trazem consigo investimentos significativos. Esses investimentos podem assumir várias formas, incluindo a abertura de novos negócios, investimento em startups e financiamento de projetos de infraestrutura. Esses investimentos não apenas estimulam o crescimento econômico, mas também promovem a inovação.

Em muitos casos, os milionários possuem experiência e conhecimento em áreas específicas que podem ser extremamente valiosos para os países receptores. Por exemplo, um empresário de tecnologia que se muda para um novo país pode investir em startups locais, trazendo novas ideias e práticas para o ecossistema de inovação. Esse influxo de conhecimento e capital pode ser um catalisador importante para o desenvolvimento de novas indústrias e tecnologias.

Outro aspecto positivo da migração de milionários é o impacto filantrópico. Muitos indivíduos ricos se envolvem em atividades filantrópicas em suas novas comunidades, contribuindo para causas sociais, educação e saúde. A filantropia pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equitativa, complementando os investimentos econômicos diretos.

Já para os países que estão perdendo esses indivíduos, os efeitos são completamente opostos. Quando você afugenta a riqueza, também afugenta os empregos e todo o investimento proveniente dela.

O autor Friedrich Hayek, em seu livro "O Caminho da Servidão", aborda o conceito de fuga de capital, destacando que as políticas marxistas podem levar os indivíduos mais produtivos e ricos a deixar seus países em busca de ambientes econômicos mais favoráveis. Ele argumenta que a liberdade econômica é essencial para o desenvolvimento e a inovação, e que a imposição de controles rígidos e impostos elevados pode desencorajar esses indivíduos a continuar investindo e produzindo em seus países de origem.

Em um dos trechos ele diz: "Quando um país se torna dominado por uma crença coletivista, o caráter de um país pode ser alterado a tal ponto que o único refúgio que resta ao indivíduo é deixar o país por completo."

Embora não trate exclusivamente sobre os ricos, ele argumenta que os empreendedores e indivíduos produtivos são desencorajados pelo controle governamental e a perda de independência. Como resultado, esses indivíduos podem procurar outros lugares onde suas habilidades e investimentos sejam mais valorizados e recompensados. Isso implica que as políticas que restringem a liberdade econômica podem levar à fuga de capital e talento, à medida que os indivíduos buscam ambientes mais favoráveis para seu sucesso econômico.

Para evitar a fuga de capital e garantir um ambiente econômico próspero e estável, é crucial que a economia de um país seja fundamentada nas teorias da Escola Austríaca que valoriza a liberdade individual, a propriedade privada e o livre mercado, promovendo um ambiente onde empreendedores e investidores podem operar sem a interferência opressiva do Estado.

Ao reduzir impostos, desregulamentar setores produtivos e garantir a proteção dos direitos de propriedade, criamos um cenário em que o capital é incentivado a permanecer e crescer dentro do país. Somente através da adoção disso poderemos assegurar um futuro de prosperidade e liberdade econômica para todos os indivíduos honestos que preferem trabalhar ao invés de parasitar os outros.

Referências:

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/06/24/brasil-e-sexto-pais-com-maior-migracao-de-milionarios-diz-pesquisa-veja-sobe-e-desce.ghtml
https://br.ign.com/tech/126654/news/migracao-de-milionarios-os-muito-ricos-estao-mudando-seus-paises-de-residencia-esses-sao-os-destinos
https://www.bloomberglinea.com.br/estilo-de-vida/migracao-de-milionarios-cresce-no-mundo-com-impulso-do-brasil-e-de-paises-da-regiao/
https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2022/08/da-tailandia-portugal-confira-os-paises-onde-e-mais-barato-comprar-cidadania-ou-status-de-residencia.html