Em um mundo de valores invertidos, onde quem prende bandido é considerado ditador e quem invade terra é chamado de democrata, surge Nayib Bukele, presidente de El Salvador. Como poderíamos chamá-lo?
Nayib Bukele, de 42 anos, é o atual presidente de El Salvador desde 2019. Ele conseguiu se reeleger agora em 2024 com a esmagadora soma de 83% dos votos, um resultado muito positivo que mostra a satisfação popular com sua gestão. Natural de San Salvador, a capital do país, ele não faz parte da política tradicional do país, nem é filiado aos principais partidos. Na verdade, ele tem brigado feio com todo o status quo da velha política de lá.
Assim como Javier Milei, o famoso libertário argentino, Bukele agiu logo no início de seu governo, adotando medidas drásticas contra o narcotráfico, contra a violência e contra a influência venezuelana em seu país. Por outro lado, também tomou medidas que desburocratizaram o país, fomentam o empreendedorismo, a livre-iniciativa, o comércio e o turismo.
Como ele tinha uma agência de publicidade, o cara é muito bom de imagem e sabe usar bem as redes sociais para promover a si próprio e suas ações. Inclusive, tem divulgado em sites e redes sociais suas ações desde que era prefeito de uma pequena cidade, já em 2012. Depois, em 2015, passou a ser prefeito da capital San Salvador, e foi quando ele ampliou suas ideias.
Não tem como negar que o cara é sucesso!
Mas seus inimigos o chamam de populista de direita, autoritário, radical religioso e até mesmo de antidemocrático, negacionista e homofóbico. Quem diria hein, Bukele? Já tô começando a gostar de você!
Mas enfim, será que nosso presida bitcoinheiro é um tirano malvadão, ou um grande visionário? Será que esse seu estilo “autoritário” o leva a prejudicar ou a beneficiar as pessoas de El Salvador?
Pessoal, não tem como. Para entender esse e todos os dilemas a que somos expostos na nossa vida, temos que recorrer aos clássicos. Então, senta que lá vem história!
Platão, em sua obra “A República”, nos empresta vários ensinamentos sobre a natureza dos governantes que nos ajudarão a julgar que tipo de governo Bukele exerce e desenvolve em El Salvador.
Já é praticamente senso comum falar que Platão defende o conceito de “rei-filósofo”. Mas o que será que pretendia nosso clássico amigo ao cravar tal conceito? Então, como esse é, na verdade, uma junção de dois conceitos: o de rei e o de filósofo, nos compete explicar seus significados à luz do entendimento da época, traduzindo-os para termos contemporâneos quando possível.
Assim, de maneira geral e simples, filósofo é aquele que busca a verdade, ponto. É só isso! A busca pela verdade deve ser levada às últimas consequências e deve caminhar rumo às verdades universais. Assim, tudo o que é efêmero, passageiro e mutável não interessa tanto ao filósofo, que se baseia e se orienta em conceitos universais.
Platão vê que, para a pessoa se aprofundar na busca pelas verdades universais, fatalmente ela terá que abdicar de praticamente todo o resto na sua vida. É quase que uma visão monástica da coisa, que Platão se inspira em Pitágoras. Então, nada de se corromper por poder ou status, ou de se vender por dinheiro. A verdade é um fim em si e se coaduna com a beleza e a justiça.
Além disso, para Platão, uma vida de estudos anda junto com exercícios físicos, treinamento para guerra e boa alimentação. Essas ideias só foram complementadas por São Tomás de Aquino, que adiciona uma visão transcendental, ou seja, o filósofo precisa manter corpo, mente e espírito fortalecidos.
Nós, do Visão Libertária, almejamos nada menos que ser contados entre os discípulos desta cultura e, buscando uma ética universal e a lei natural humana, desejamos construir um modelo de sociedade que se baseie em verdades imutáveis.
Então, a despeito da natureza cambiante das coisas, se buscamos verdades universais, poderíamos ser tidos como os filósofos de nosso tempo. Aí, já vem o burocrata a dizer: como alguém pode se arrogar filósofo se não cursou filosofia com a Marilena Chauí? Pois é, agora pergunto: o que Platão diria da Marilena Chauí?
Mas, tratando agora do conceito de rei, talvez este seja o mais deturpado hoje em dia. Para os clássicos, a administração de qualquer empreendimento humano obedece a apenas alguns modelos que vão variando ao longo da história, sendo o governo de um, de alguns ou de muitos.
Se há apenas um administrador é uma monarquia, ou “mono” “arquia”, em tradução livre: governo de um. Mas espera aí! Uma ditadura também é o governo de um tirano que detém todo o poder em suas mãos. Então, qual a diferença?
Inclusive, no filme “O Ditador”, uma comédia satírica lançada em 2012, o personagem Aladeen é um tirano autoritário em seu país no norte africano, o governando com mão de ferro, promovendo a opressão e o culto à personalidade. Ele vive uma vida de luxo, ostentação e promove políticas autoritárias, sem qualquer consideração pelos direitos humanos ou pela representatividade do povo. Então, segundo nos conta esse filme, seriam reis e ditadores uma mesma classe de gente?
Não para Platão, que os separa segundo um conceito universal e imutável! Reis são os administradores que governam segundo a lei natural humana, assim, direcionando ações para o desenvolvimento da sociedade. Enquanto ditadores governam em contraposição à lei natural humana, tomando ações que destroem a sociedade.
O fato é que somos levados a pensar esses conceitos sempre em termos de governos estatais, mas a verdade é que eles funcionam para quaisquer estruturas públicas ou privadas.
Então, pense no mundo empresarial. Vamos imaginar o seu Manoel, que é dono de uma pequena padaria. Se ele empreende esforços para produzir ótimos pães e bolos, diversificando seus produtos e atendendo cada vez melhor seus clientes, ele é um rei e seu empreendimento ruma ao sucesso! Seus pães alimentam e atendem as demandas da comunidade, gerando empregos, e suas ações promovem o desenvolvimento de todos à sua volta.
Agora, por outro lado, se o seu Manoel batiza a farinha de trigo, economiza no leite, bota ovo estragado na massa, destrata empregados, não paga o aluguel e briga com os clientes, ele se torna um tirano. Seus pães pioram a saúde dos clientes e suas ações fazem mal à comunidade. Agora imagine que a empresa desse padeiro agressivo é financiada por impostos?
Ah, mas agora ficou fácil, né? Você já se deu conta que, caso seu Manoel sacaneie geral numa economia capitalista, ele vai à falência. Entendeu agora por que defendemos o livre mercado?
O livre mercado é o maior gerador de reis e rainhas da história da humanidade! E não porque depende de elevado nível ético e moral de seus empreendedores, mas porque alinha os incentivos, punindo os que se comportam como tiranos e recompensando os que se comportam como reis.
Muito se fala das monarquias naturais da Idade Média, modelo de sociedade em que trabalhadores das mais diversas profissões aderiam a um determinado reino, que lhes provia um sistema de justiça e proteção. Se estivessem descontentes, se o rei fosse se convertendo em um tirano, havia outro reino logo ali ao lado. Veja como a descentralização promove a competição entre entidades e desincentiva a tirania.
Veja como as monarquias da Idade Média não eram paraísos, nem mesmo países como os Estados Unidos de hoje o são. Sempre quando se fala em ser humano, não há exatidão e previsibilidade sobre o rumo que tomará a sociedade, pois a ação humana não pode ser medida pelo rigor do método científico. O que estamos defendendo é que haja um sistema que alinhe incentivos, para florescer o que há de melhor dentro de cada um de nós. Ou seja, um sistema que nos leve a ser monarcas e soberanos sobre nós mesmos e nossos negócios. Somente com essa liberdade e autonomia, podemos servir o próximo e melhorar a sociedade.
Platão também via que todo e qualquer empreendimento humano, assim como as coisas da natureza, obedece a um ciclo de nascimento, crescimento e morte; um ciclo de ascensão, plenitude e corrupção.
Portanto, os governos, sejam eles de entidades públicas ou privadas, tendem ao mesmo processo. O desafio então passa a ser: criar novas estruturas, agir de maneira heroica e destemida ou; entrar em estruturas preexistentes, agir para restaurar a lei natural humana e os princípios universais.
Por um lado, os heróis de nosso tempo estão a desenvolver novas ferramentas que nos proporcionam mais liberdade e autonomia. No entanto, por outro lado, há aqueles que estão agindo dentro de estruturas estatais, mundo afora, restaurando a sanidade, a verdade e a natureza das coisas.
Então, trago aqui várias perguntas:
Se Bukele age para prender e punir assassinos, ele protege a natureza humana ou a corrompe? Se ele age para aumentar a soberania dos moradores de El Salvador, ele vai contra ou a favor da liberdade individual? Se ele afasta corruptos e oligarcas que se refestelavam no poder, ele economiza ou destrói as riquezas de El Salvador? Se ele incentiva o uso de Bitcoin, ele leva as pessoas a maior ou menor enriquecimento ao longo do tempo?
Bem, aí vem os detratores da natureza humana a dizer: “Ah, mas ele não é um democrata. Ah, mas ele não segue as leis”. Pois é, se você quer democracia e lei, contente-se com o Brasil - aqui está cheio de tudo isso, num modelo pra lá de coletivista e totalitário! Precisamos nos desfazer da embalagem, ou seja, das aparências, para encarar o produto e ver para que ele serve!
E veja como o caso de El Salvador nos mostra que, à medida que a verdade e a natureza humana são resgatadas, a vida das pessoas melhora! Do país mais violento e um dos mais pobres da América latina, El Salvador se tornou o mais seguro e tem aumentado a riqueza e o dinamismo de sua economia ao longo do tempo.
Mas claro que essa não é uma defesa incondicional de Bukele, muito menos queremos dizer que ele acertou em tudo o que fez. Claro que não! Ele é um ser humano, com suas limitações e falhas. Mas enquanto nos parecer que sob seu governo os princípios platônicos são mantidos, veremos o avanço da sociedade salvadorenha nos vários aspectos que se possa medir e perceber.
Além de Bukele, já se poderia falar sobre Milei na Argentina. Será que o presidente libertário age como um rei ou como um tirano? Veja se você aprendeu os princípios que discutimos aqui e analise por si próprio, e aproveite para deixar nos comentários o que você acha.
Enfim, para terminar, cabe dizer que o bem é como o sol que ilumina a inteligência e o pensamento. E quem perde a percepção do bem como balizador da vida, perde a capacidade de julgamento e dispersa suas ações em malefícios, mundo afora.
O rei-filósofo se guia por esse bem, não aquela falácia do bem-comum, mas o bem que leva ao engrandecimento da alma, que inspira as pessoas às grandes obras e que nos faz ter um vislumbre do céu.
É chegada a hora de você assumir o reinado sobre sua vida, direcionando-a para o bem, para o eterno, em acordo com a natureza humana e segundo seus talentos.
E para continuar neste assunto, veja agora o vídeo “Nayib Bukele, o presidente bitconheiro, é REELEITO com folga em EL SALVADOR”, o link segue aqui na descrição.
Nayib Bukele, o presidente bitconheiro, é REELEITO com folga em EL SALVADOR
https://www.youtube.com/watch?v=bdvoeacY2wE