O envelhecimento da população japonesa se tornou um problema insustentável. Agora, no Japão, se vende mais fraldas para adultos do que para crianças.
Essa informação pode até soar estranha, mas ela é um verdadeiro fato econômico: o tipo de cocô humano produzido em maior quantidade num país é capaz de determinar seu sucesso ou seu fracasso econômico, no longo prazo. De forma bastante simplificada, se esse país produz mais cocô de idosos do que de bebês, então a nação está, de fato, caminhando a passos largos para a ruína. E o Japão, que é conhecido mundialmente por levar algumas situações esdrúxulas ao extremo - como uma taxa de juros negativa, - já vive esse cenário há um bom tempo.
Por lá, a venda de fraldas geriátricas já supera a de fraldas infantis por mais de uma década. A situação se tornou tão drástica, que a fabricante japonesa Oji Holdings anunciou, recentemente, que vai parar de fabricar fraldas para bebês, para se focar na venda de fraldas para idosos. Por lá, esse mercado para idosos está muito mais lucrativo e, especialmente, muito mais promissor, no longo prazo. O pior é que essa empresa sequer é a primeira a tomar essa decisão!
Na verdade, o Japão não está apenas envelhecendo - esse fenômeno já ficou no passado, já foi a época. No atual momento, o que podemos afirmar, sem medo de errar, é que o Japão está mesmo morrendo. O número de nascimentos no país despencou assustadores 5% em 2023, na comparação com o ano anterior - ou seja, há apenas 750 mil novos japoneses na área. Sim, essa é a menor quantidade de nascimentos desde o século 19, quando a população do país era consideravelmente menor. Em outras palavras: a taxa de fecundidade no Japão é praticamente risível - sendo inferior a 1,3 nascimentos por mulher.
Hoje, cerca de 10% da população japonesa já ultrapassou a marca dos 80 anos. Na verdade, o Japão é conhecido por ser o país que mais abriga centenários no mundo. Agora, se quisermos mensurar as dimensões desse buraco, basta considerarmos a população idosa do país, por inteiro - ou seja, as pessoas que já têm mais de 65 anos de idade. No Japão, essa faixa etária já responde por quase 30% da população. Não é difícil imaginar qual é o futuro econômico de um país que, atualmente, já tem ⅓ de sua população na terceira idade, e cujo número de crianças diminui de forma assustadora, ano após ano.
Agora, voltando ao caso das fraldas: a citada Oji Holdings afirmou que, no ano de 2001, a venda de fraldas infantis por sua subsidiária destinada a essa produção atingiu seu pico - 700 milhões de unidades por ano. Agora, decorridas duas décadas desse auge, a venda de fraldas infantis por essa empresa caiu para quase a metade - sendo de 400 milhões de unidades. É claro que esse parece ser um número ainda considerável, e que poderia justificar a manutenção dessa produção, ainda que de forma reduzida, não é mesmo? Só que grandes empresas trabalham com projeções de longuíssimo prazo. E a perspectiva, para o Japão, é de que haja cada vez menos bebês, e cada vez mais idosos. Quanto antes os investimentos forem ajustados nesse sentido, mais rápido as empresas vão poder lucrar.
Inclusive, decisões semelhantes já foram tomadas, no passado. Em 2011, outra empresa japonesa do ramo, a Unicharm, decidiu descontinuar sua linha de produção de fraldas infantis, justamente pelo mesmo motivo: a venda de fraldas geriátricas já havia superado, e muito, a venda dos modelos para bebês. De forma geral, essa situação se consolidou no Japão em 2014 - ano em que, oficialmente, a venda de fraldas para adultos superou a venda de fraldas para crianças. E, de lá pra cá, a coisa só fez piorar.
O problema do envelhecimento da população japonesa é realmente grave. Nós, inclusive, já falamos sobre esse assunto no vídeo: “O JAPÃO está a caminho de um COLAPSO DEMOGRÁFICO” - link na descrição. O pior, porém, é que esse parece ser um caminho sem volta. O governo japonês tem se esforçado para reverter esse cenário - mas seus esforços têm se provado inúteis. Nós também já tratamos desse tema, aqui no canal, no vídeo: “JAPÃO vai gastar 25 BILHÕES DE DÓLARES para tentar conter seu PROBLEMA DEMOGRÁFICO” - link na descrição.
Ano após ano, a taxa de natalidade do Japão despenca, e a população diminui cada vez mais. Isso se deve ao fato de que o número de mortos é consideravelmente maior que o de nascimentos - que se tornam cada vez mais raros por lá. Apenas no ano de 2022, a população japonesa encolheu em 800 mil pessoas! Se esse ritmo for mantido, então, em um século e meio, o Japão terá ficado sem uma mísera viva alma para contar a história.
E a verdade é que esse problema demográfico não é uma exclusividade do Japão. A Coreia do Sul, hoje, enfrenta um cenário ainda pior, possuindo a menor taxa de fecundidade do mundo - um pífio índice de 0,72 filhos por mulher. Também outros países asiáticos, como Taiwan e Singapura, seguem por esse mesmo caminho perigoso. Até mesmo a China, que possuiu a maior população do mundo durante séculos, acabou perdendo o primeiro lugar para a Índia, justamente por conta de seus problemas demográficos.
O Brasil, por sinal, não está muito melhor: com sua taxa de fecundidade na ordem de 1,64 filhos por mulher, o país está fadado ao encolhimento. E, de fato, num intervalo de menos de 10 anos, as estimativas do IBGE deram conta de uma redução de 12 milhões no número de brasileiros.
Mas, afinal de contas, o que causa esse cenário potencialmente catastrófico? Muitos podem ser os motivos apontados - que vão desde questões econômicas até mesmo a aspectos culturais. Contudo, não podemos, em absoluto, deixar de reconhecer a pesada culpa estatal nessa história. Em alguns países - como na citada a China, por exemplo - podemos reconhecer o problema da ação estatal direta - notadamente no que se refere ao desincentivo às famílias numerosas.
Porém, de maneira geral, o que vemos é o desincentivo indireto à manutenção de famílias grandes e estáveis. Em primeiro lugar, temos o problema da desvalorização da moeda. Acredite ou não, isso causa mais problemas sociais do que um primeiro olhar pode fazer crer. Na verdade, pode-se dizer que a inflação - ou seja, o aumento da base monetária, que inevitavelmente leva à desvalorização da moeda - é o cerne de quase todos os problemas que hoje enfrentamos enquanto sociedade humana.
Essa inflação leva a um aumento do custo de vida que, por óbvio, acaba por obrigar pais e mães a trabalharem cada vez mais. Nesse cenário, ter menos filhos se torna algo interessante, porque menos crianças exigem menos cuidados e custam menos dinheiro. Portanto, geração após geração, as famílias têm encolhido com consistência - uma tendência que surgiu pela primeira vez na história humana.
Além disso, diversas intervenções estatais na economia acabam prejudicando o conceito de família. Veja que hoje, por exemplo, se torna cada vez mais difícil acumular patrimônio e, principalmente, legá-lo às gerações futuras. Os famigerados impostos sobre herança acabam destruindo o patrimônio acumulado por uma família, tornando praticamente inútil o esforço de trabalhar bastante para garantir uma boa vida para seus filhos.
Da mesma forma, torna-se um desafio cada vez maior comprar e manter uma casa que comporte muitas crianças, ou um carro que seja suficientemente grande para transportar uma família numerosa. Portanto, acaba sendo muito mais barato não ter filhos, morar de aluguel numa quitinete e andar de Uber, do que ter seus próprios bens. O incentivo para os adultos, portanto, se torna o de não ter filhos, e não o de constituir uma família.
No passado, os filhos eram a previdência dos pais. Com uma prole numerosa, a velhice de pai e mãe acabava por ser garantida. Agora, contudo, o papai estado afirma garantir a aposentadoria dos velhinhos. Nesse cenário, pra que ter filhos? Pois é: acontece que essa previdência estatal é insustentável, por ser bancada com um dinheiro de mentirinha, oriundo de emissão de dívida pública e de inflação. Essa previdência social só faz agravar o problema econômico, e ainda pune as gerações futuras. Imagine que, daqui a algumas décadas, teremos menos gente trabalhando para pagar essa conta, e uma dívida constantemente maior. Tem como esse cenário dar certo?
Sem dúvidas, é muito bom que as pessoas vivam por bastante tempo, e com uma considerável qualidade de vida. Mas nós precisamos nos perguntar a respeito dessa questão: quem é que vai sustentar toda essa longevidade? Essa é uma pergunta de difícil solução; o que sabemos, porém, é que o estado não será responsável por resolver esse problema. Na verdade, ele é o maior de todos os problemas. Por outro lado, o mercado - isso sim - poderá dar alguma resposta para esse importante desafio.
A verdade é que o atual cenário japonês é completamente insustentável. A única saída para o Japão é, de fato, a liberdade, que vai permitir ao mercado escolher o que fazer para sanar esse problema. A resposta poderá ser um incentivo descentralizado ao aumento das famílias e à preservação dos casamentos, com pais e mães tendo cada vez mais filhos. Outra solução poderá ser a chegada de mais imigrantes, atraídos por novas oportunidades de vida. Ou, ainda, o mercado poderá concluir que a situação realmente é insustentável, e não há nada a se fazer - é só deixar a coisa arder. No atual momento, porém, a solução derradeira para esse problema não é o mais importante. Agora, o que importa, de verdade, para o Japão, e para tantos outros países, é tirar o fator estado dessa verdadeira equação da morte.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqlwlzey2dgo
https://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/145773-japao-vendera-em-2014-mais-fralda-geriatrica-que-infantil.shtml
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/japao-perde-800-000-pessoas-e-populacao-cai-pelo-14o-ano-consecutivo/
https://www.poder360.com.br/internacional/coreia-do-sul-tem-o-menor-indice-de-natalidade-do-mundo/
O JAPÃO está a caminho de um COLAPSO DEMOGRÁFICO:
https://www.youtube.com/watch?v=gB7UeCFURU4
"JAPÃO vai gastar 25 BILHÕES DE DÓLARES para tentar conter seu PROBLEMA DEMOGRÁFICO":
https://www.youtube.com/watch?v=U7soyHjeKbA