Foi o ESTADO que DESTRUIU o mundo de FALLOUT!

Diversos estados lutando em um mundo pós apocalíptico, por um segredo que dará o controle de tudo. Calma, estamos falando de Fallout, não da vida real.

Falaremos sobre a mais nova e excelente série de 8 episódios que estreou na Amazon Prime: Fallout. Mas, calma! Talvez tenha achado que este vídeo é repetido, contudo, não é. Lançamos outro vídeo intitulado “FALLOUT NÃO ESTÁ LONGE DA REALIDADE”, no qual falamos sobre a história do universo com uma perspectiva libertária. Se quiser assisti-lo, o link está aqui na descrição do vídeo.

Para quem não conhece sobre este universo, o mundo de Fallout se passa em 2287, mais de 200 anos após as bombas nucleares terem devastado o mundo durante a Terceira Guerra Mundial. Para a sobrevivência da raça humana, uma empresa contratada pelo governo chamada Vault-Tech criou mais de cem abrigos subterrâneos por todo o Estados Unidos para que no futuro os seres humanos repovoassem a terra e começassem uma nova civilização.

Somos, então, apresentados à protagonista da série, Lucy Maclean, uma jovem que nasceu e viveu no bunker 33, seguindo sua rotina e crescendo com a grande promessa de que ela e seus filhos seriam aqueles que repovoariam o mundo.

Antes de continuarmos, uma pausa para um aviso importante! A partir daqui, talvez tenha spoilers sobre a série. Portanto, se quiser, pause o vídeo, assista os episódios, que não são muitos, e depois volte aqui para conferir a nossa visão libertária sobre o assunto. Dito isso, vamos ao vídeo.

Uma das cenas iniciais mostra um ator daquele universo, conhecido como Cooper Howard, que está com sua filha em uma festa, fantasiado de seu personagem. Enquanto todos estão reunidos, as primeiras bombas atômicas caem. Todos começam a correr imediatamente para seus abrigos subterrâneos, enquanto Cooper pega sua filha e tenta levá-la para longe dali no desespero, mesmo sabendo que não teriam como fugir, seja da radiação, seja a onda de choque e calor das explosões.

Cortamos, então, para 219 anos após este momento, no já mencionado Bunker 33. Lucy está prestes a se casar com um habitante do Bunker 32, vizinho ao dela. O casamento é um acordo para manter a população dos três refúgios interligadas. Entretanto, na noite após a festa, acabam descobrindo que os tais vizinhos já estavam mortos há muito tempo, e aqueles que estavam com eles eram invasores sobreviventes da superfície. Ao serem descobertos, eles os atacam, matando vários habitantes e saqueando a comida do lugar. Por fim, a líder dos invasores se apresenta como Moldaver e leva o pai de Lucy. Alguns dias depois, ela consegue sair do abrigo, e vai atrás de seu pai.

A série mostra a realidade de vários personagens e suas diferentes visões de mundo, mostrando o passado de Cooper antes da grande guerra, a vida nos bunkers e até a de soldados nesse apocalipse. Um destes militares chama-se Maximus, um jovem recruta da Irmandade de Aço. Ele tem o sonho de ser um “cavaleiro”, que seria um militar de alta patente da irmandade. Eles são um grupo autônomo que visa garantir presença e coletar as tecnologias do pré-guerra. O jovem Maximus teve sua família morta após uma nova explosão atômica na cidade sobrevivente de Shady Sands, o qual foi resgatado por membros do grupo na qual agora faz parte, para se tornar mais um de seus soldados no futuro.

Ele é enviado como escudeiro de um cavaleiro na missão de recuperar um artefato de grande poder que havia sido levado por um cientista que desertou da Enclave, os sucessores do antigo governo americano, que pregam a pureza racial contra os afetados pela radiação. Contudo, durante a missão, Maximus deixa o cavaleiro morrer e rouba a armadura dele, visando resgatar o artefato e ser promovido ao tão sonhado posto. Ele acaba encontrando o cientista com Lucy, mas é derrotado pois seus inimigos sabiam as vulnerabilidades de sua armadura.

Lucy, se encarrega da missão de levar o objeto até o destinatário, a Moldaver, a sequestradora de seu pai, com esperança de usá-lo como moeda de troca para libertá-lo. Porém, Maximus não desiste e tenta de todo jeito conseguir o item para ser promovido no seu clã.


Bem, a partir daqui faremos uma visão libertária sobre o final da série, então, caso tenha gostado desse começo, recomendo assisti-la por inteiro no Amazon Prime e acompanhar todos os eventos nela. Dito isso, continuemos.

Nos episódios finais nos é mostrado mais da vida de Cooper antes de se tornar um mutante. Ele era um ator famoso de Hollywood e bastante conformado com a Vault-tec, sendo até usado de modelo para a criação do personagem mascote da empresa. Sua esposa era uma das funcionárias de alto escalão da firma e foi com ela que teve sua filha. Na visão dele, a indústria do cinema estava sendo contaminada pelos comunistas, por muitos serem contra o governo americano.

No contexto da série dá para entender o porquê da paranoia com os comunas, já que estavam em guerra contra a China. Mas a série parece dar uma mensagem indireta no estilo dos esquerdistas que ridicularizam a direita com o termo do “fantasma do comunismo”. A dita mensagem se encaixa justamente quando Cooper é convidado por um de seus amigos, que também era uma empresária, a assistir uma palestra. Cooper acredita que ela é apenas uma comunista que fala besteira. Contudo, ela diz para Cooper procurar no que sua esposa está trabalhando, finalizando, dizendo que não era uma comunista.

“Uma pessoa boa que está sendo perseguida pelos caras maus sendo chamada de comunista”. Me parece bem dentro de alguma mensagem subliminar, mas pode ser apenas uma suposição exagerada. Ele, então, coloca uma escuta no bracelete da mãe de sua filha, e ouve a reunião que ela e outros donos de grandes corporações estão tendo na Vault-Tec. A discussão nada mais é que o futuro das suas empresas, com a tensão nuclear entre Estados Unidos e China. Um deles diz que elas precisam desse oligopólio para funcionar, pois somente pela administração não conseguiriam nem gerenciar uma loja de esquina. A Vault-tec faz sua proposta de bunkers, além de criar experimentos sociais para testar um modelo melhor para reerguer o mundo em um futuro no qual as coisas não dão muito certo.

Um dos empresários pergunta o que aconteceria com tudo aquilo que eles construíram caso a guerra não acontecesse de fato, e a esposa de Cooper responde que eles mesmos jogariam as primeiras bombas e iniciariam o apocalipse nuclear. Neste momento Cooper fica paralisado, atônito, ouvindo tudo.

A mensagem dessa primeira temporada é justamente sobre o corporativismo que destruiu o mundo de Fallout, há mais de 200 anos, explodindo toda a América do Norte, lançando bombas sobre a nova cidade de Shady Sands, conforme revelado mais adiante.

O enredo se concentra no clichê da grande corporação malvadona e capitalista, que sacrifica milhões de vidas pelo lucro, e que só se mantém fazendo um oligopólio e impedindo a concorrência. O assistente da esposa de Cooper diz várias vezes em público que o segredo para acabar com a concorrência é a gestão. Mas nas reuniões privadas e no final da série, ele revela que o verdadeiro segredo é o tempo: viver ou sobreviver mais do que a concorrência. Isso no mundo real é verdade. Não à toa, vemos alguns dos homens mais ricos do mundo como Bill Gates e Warren Buffett defendendo taxação das grandes fortunas. Isso não é porque são bonzinhos, mas porque sabem que podem arcar com os custos extras, enquanto seus concorrentes não, levando-os, portanto, à falência.

Ficar nessa ideia de que as grandes corporações comandam o mundo, é coisa somente de ficção! O concentrador de poder verdadeiro é o estado. Se isso não fosse verdade, as empresas não precisariam implorar para que eles façam alguma coisa em favor delas. Mas também devemos saber diferenciar um empresário justo, que ganha pelo jogo do livre mercado, e um corporativista, que ganha sua fortuna pelos inúmeros contratos assinados com o estado, concedidos por algum amigo com cargo importante. Existe uma grande diferença daquele que consegue erguer seu império devido ao estado, e aquele que ganha sua fortuna, apesar do estado.

Bem, apesar de estarmos próximos deste universo criado, nos resta apenas, lutar para não seguirmos a ficção e nos tornarmos um monte de mini estados autoritários em guerra lutando pelos restos de um mundo destruído. Seja um mundo semelhante ao Fallout, Mad Max ou do Livro de Eli.

Referências:

https://www.primevideo.com/detail/amzn1.dv.gti.242f5d02-0b3e-4f4d-a89b-22da3f65f0ec
https://www.youtube.com/watch?v=OKgXNSRKatk