O que é Comunismo? Uma ideologia? Um conjunto de ideologias? Uma utopia? Ou uma doutrina sempre muito mal compreendida? Não verdade, não é nada disso que está pensando.
Tudo começa com Karl Marx e o manifesto do partido comunista. Nele diz que o movimento socialista é a expressão do objetivo do proletariado. Também diz que, o proletariado cria a consciência de classes, então se situa na sociedade a classe trabalhadora e explorada pela burguesia. Ele só não percebeu que, ao dizer isto, caia em contradição, já que ele não era um proletário. E, na verdade, nem sequer viu um proletário na vida. Como pode a consciência surgir no proletário, se surgiu precisamente em Karl Marx, que não era um proletário? Mais tarde, vários intelectuais do movimento comunista tentaram responder a esta e muitas outras questões, sem contar as novas perguntas que foram surgindo ao longo do tempo. Assim, criaram-se vários movimentos dissidentes, inclusive o bigodismo e o mussolinismo.
Ernesto Laclau, político argentino, teórico do movimento comunista, disse: “A propaganda do partido cria a classe social que em seguida representa”. Uma coisa totalmente diferente da premissa original de Marx. Laclau estava certo. Depois que Lenin tomou o poder na revolução de 1917, a classe proletária foi “criada”. Na época, a Rússia mal tinha indústria, e o povo era majoritariamente formado de camponeses. Isso significa que a situação não tinha nada a ver com a da Inglaterra, local que deu início a ideologia de classes de Marx. A teoria da mais valia, da exploração da força de trabalho e tudo mais, não faz sentido, mas possui verossimilhança suficiente para iludir uma parte dos intelectuais.
Agora a situação russa de 1917 era diferente o suficiente para tornar a contradição ainda mais gritante. Ficou muito claro que o comando do movimento estava na mão de burgueses, intelectuais (Lênin, Trotski e Stalin), que nada tinham a ver com o proletariado. Grupo que nem sequer existia naquele país. Esse é um dos motivos pelos quais o seu amigo comuna chato diz que “distorceram Marx”. Contudo, não distorceram Marx coisa nenhuma. Ele que deixou vários pontos em aberto, por haver de fato contradições que não podem ser explicadas, sendo ele ciente disto ou não.
Peguemos a mais clássica: o proletário cria consciência. Marx não é proletário, logo, a afirmação já está errada. E Engels, muito negligenciado e esquecido de propósito, já que, não só não era proletário, como era DONO DE INDÚSTRIA de tecidos. Ou seja, um playboy marxista. Engraçado, né? O movimento já era formado de filhinhos de papai revolucionários desde o início. Logo, as lacunas lógicas deixadas por Karl e Friedrich no manifesto do partido comunista, deram brecha para várias ramificações. Isso já é um indicativo de que o comunismo não se trata de uma ideologia, já que estas ramificações se baseiam no mesmo texto original.
Além disso, há outras impossibilidades postuladas por Marx. Ele dizia que o comunismo era um estado de coisas em que não haveria mais estado, dinheiro, burguês ou proletário. O principal deste postulado é que ele acreditava que este seria o curso natural da história. Todo marxista acredita nisso. Logo, se é o curso natural, por que fazer a revolução? Alguns dizem ser para “acelerar o progresso”. E como fazer isto? A proposta de Marx é a seguinte: aumentar progressivamente a taxação do empresariado, de modo que o estado domine completamente os meios de produção. Desta forma, o que acontece? As empresas, indústrias e produtores ficam totalmente sob domínio do grupo de pessoas que controla a máquina estatal. Ou seja, o empresariado fica escravo do governo. Foi exatamente esse processo adotado pelo Bigodinho. Porém, os bigodistas pararam por aí. Se contentavam com o socialismo, enquanto os comunistas queriam, e ainda querem, continuar o processo até o final, controlando o empresariado por completo.
Portanto, o socialismo ainda admite uma divisão entre setor privado e público, estatal e particular. O particular fica subordinado ao estado, mas ainda existe alguma liberdade de iniciativa privada, um acordo entre poder político e econômico. Já no sistema comunista, o poder econômico deixa de existir, dando lugar apenas ao poder político. Aqui podemos notar que: os comunistas dizem querer a estatização completa, mas isto é apenas um engodo; uma propaganda, já que isto é impossível. Ludwig Von Mises já havia demonstrado isso em 1920 em Socialismo: Uma Análise Econômica e Sociológica. O preço é dado pelo mercado, ou seja, pela existência de pessoas comprando e vendendo produtos e serviços e a relação entre o quanto as pessoas aceitam pagar e o quanto aceitam receber por esses produtos e serviços.
O mercado só existe se houver disponibilidade de ofertas e atendimento de demandas, ou seja, é necessário haver variedade de ofertas e liberdade econômica. Em outras palavras, se o estado domina completamente os produtores, o mercado deixa de existir. Se não existe mercado, não existe preço; e se não existe preço, não há como calcular o valor monetário de cada bem, e sem este cálculo não é possível haver planejamento econômico, portanto o socialismo impossibilita-se. O socialismo só é possível se o capitalismo, ou seja, a iniciativa privada, tiver um espaço grande e confortável para produzir.
Socialismo é distribuir riqueza, mas para a riqueza existir, o capitalismo, que nada mais é do que a economia, precisa existir e ser pujante. Por isso que a Europa consegue manter governos socialistas: porque são países ricos devido à liberdade econômica. O mesmo vale para a China. Lá não existe liberdade alguma, exceto a liberdade de empreender. Na própria União Soviética a economia era meio a meio. Era clandestina porque o governo não podia admitir publicamente, já que em seu discurso era totalmente comunista, a favor da estatização total. Mas, na prática, tinha de tolerar a economia privada, caso contrário seria impraticável. Logo, o capitalista pode existir sem o comunista, mas o comunista não pode existir sem o capitalista.
Eles dizem que estão acelerando o progresso rumo a um futuro utópico, mas se esse futuro chegar, ou seja, a total abolição da propriedade privada, não sobreviveriam, além de não terem a quem culpar. Neste cenário quem seria o seu bode expiatório? Stalin colocava a culpa em sabotadores e burgueses, que, na prática, nada mais eram que pobres camponeses, pessoas humildes, russos comuns, que ele mandava prender. Eram apenas coitados que tinham a infelicidade de ter a alcunha de culpados por algo que não fizeram.
Logo, se há tantas contradições no discurso comunista, podemos concluir apenas uma coisa: quando alguém chega com várias contradições, promessas de impossibilidades em troca de poder, significa que nada daquilo será feito. Entretanto, se ele conseguir poder, algo será feito. Provavelmente, será mais do mesmo. Aquilo que todos os governantes comunistas fizeram até agora: fome, destruição, sofrimento, escravidão, crueldade e morte. Em suma, desprezo pela vida humana de terceiros. Eles enriquecerão às custas do povo e se manterão na cadeira até findarem seus dias.
Outra contradição deste movimento pode ser notada pela variedade de subdivisões que possuem. Normalmente, um odiando o outro, mas apoiando os mesmos nomes políticos. Como é possível que tantos movimentos diferentes, que não são compatíveis entre si, se aglutinam sob a mesma bandeira? O comunismo não se define como uma ideologia. Lembram do Ernesto Laclau? O que ele disse é completamente oposto ao que o próprio Karl Marx disse, no entanto, continua sendo marxismo. Isso é uma característica da dialética: a possibilidade de adotar diversas formas.
Portanto, comunismo não é uma ideologia, mas uma cultura. O que faz uma pessoa ser parte de uma cultura não é de conteúdo lógico, doutrinário ou racional. O indivíduo faz parte de uma cultura por conta de laços pessoais, de familiaridade, lealdade pessoal, gestos simbólicos e rituais. É por isto que é praticamente impossível convencer um comunista de que ele está errado. Seria como pegar um aborígene e tentar convencê-lo de que, na verdade, ele é um viking. Isso é impossível. Mas em escala histórica, ou seja, em períodos maiores que de uma vida humana, isto é provável.
Modificar a cultura de um povo é possível, pois isso já acontece naturalmente, ao longo das gerações. A cultura é passada de geração em geração através da tradição, que nada mais é do que a ação de ensinar hábitos, histórias, rituais e conhecimento que fazem parte de uma cultura, para a geração seguinte. Pensem: por que o movimento trans insiste tanto em “educar” crianças? E qual seria o resultado para uma sociedade, se o número de crianças trans aumentasse? Qual seria o resultado para uma sociedade, se o número de interrupções de gravidez aumentasse? Qual seria o resultado para uma sociedade, se milhões de indivíduos de uma cultura diferente, intolerante, violenta e autoritária, migrassem para seu país?
É nos resultados das ações que descobrimos as intenções. Quem se beneficiaria disso e quem sairia prejudicado? Responda a isto e descobrirá quem financia os movimentos. É por isto que o movimento comunista, agente da cultura comunista, insiste tanto em se infiltrar em escolas. Porque é interferindo na tradição que se espalha uma nova ideia. Logo, o comunismo é uma cultura, projetada para criar um estado de coisas tal que um pequeno grupo de pessoas tenha domínio total sobre um grupo enorme de pessoas, ou seja, para uma elite dominar completamente uma massa sem pai nem mãe, sem família, sem gênero e condicionada à submissão.
Marxismo, Fascismo e Totalitarismo - A. James Gregor;
Socialismo: Uma Análise Econômica e Sociológica. - Ludwig Von Mises;
A Nova Era e a Revolução Cultural: Fritjof Capra e Antonio Gramsci - Olavo de Carvalho.