Num evento que contou com propósito de fortalecer os pré-candidatos em todo o Brasil, visando às eleições municipais de 2024, Lula questionou 'o que seria do Brasil sem o PT?'. Vamos responder aqui.
Com o fim do primeiro ano do governo Lula 3.0, em meio a um cenário econômico fragilizado por causa a medidas populistas adotadas e má administração do dinheiro público, o molusco faz o seguinte questionamento na Conferência Eleitoral do partido, no dia 8 de dezembro: “O que seria do Brasil sem o PT?”. Responderemos a seguir, observando o contexto histórico, a pergunta do petista.
Como todos sabem, o Partido dos Trabalhadores (PT) é um partido político de esquerda fundado no início dos anos 80 ainda no Regime Militar, por sindicalistas, militantes, artistas, entre outros grupos que compartilhavam do seu idealismo. O partido foi fruto da aproximação entre os movimentos sindicais trabalhistas e militantes esquerdistas que eram formados por ex-presos políticos e exilados. Aqui, já podemos ter uma ideia de qual perfil e ideologia o PT tem.
O PT sempre teve como principal líder político o atual Presidente da República, o Lula, tanto que foi ele que anunciou publicamente a criação do PT em 1980. Até o final do século passado, a influência desse partido comunista no Brasil não era tão relevante, uma vez que ainda não havia chegado à Presidência da República. Só na Eleição Presidencial no ano de 1989 que o PT começou a se destacar na política brasileira. Desse ponto da história, já podemos ver o primeiro cenário de como seria o Brasil sem o PT. Não sabemos ao certo como seria aquela eleição sem o candidato petista na disputa, caso o PT não existisse naquela eleição, o candidato que venceu o primeiro turno foi o economista Fernando Collor de Melo. Poderíamos acreditar que, nesta eleição, a inexistência o PT não mudaria o resultado, mas ela foi importante para projetar Lula nacionalmente e angariar novos eleitores. É o que podemos especular.
Na eleição presidencial de 1994, Lula candidata-se novamente para a presidência da República, porém, é derrotado logo no primeiro turno pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB, que na época era o atual ministro da Fazenda. Poderíamos acreditar que, neste senário, a inexistência do PT não teria muita influência nesse resultado.
Na eleição presidencial de 1998, o cabeça do PT, Lula, se candidata pela terceira vez à presidência da República e no segundo turno enfrenta novamente o atual presidente da época, Fernando Henrique Cardoso. Nesta Eleição, seu concorrente ganha logo no primeiro turno com 53,06% dos votos válidos.
Nessas três eleições presidenciais que acabamos de citar, o PT não obteve sucesso em sua ambição, mas conseguiu criar raízes mais profundas na política brasileira. Se o partido vermelho não existisse para disputar essas eleições, poderíamos imaginar que o senário não seria diferente em termos de resultado, a não ser que em seu lugar um partido diferente conseguisse conquistar tantos corações pelo país. Mas isso é apenas uma hipótese.
A grande relevância da existência do PT surge a partir das eleições presidenciais de 2002, no qual o candidato petista ganha sua primeira eleição presidencial. Agora fica a curiosidade, como poderia ter sido o Brasil se ele não fosse governado pelo Lula? Na verdade, não saberíamos de fato o que ocorreria. Porém, eliminando as políticas populistas do PT, juntando o bom período das commodities, mesmo com Anthony Garotinho, Ciro Gomes ou José Serra, candidatos da época, poderíamos ter tido um governo melhor do que o petista em alguns aspectos. Poderia ter havido, sim, escândalos de corrupção entre uma destas opções como presidente, mas seria tão grande quanto o mensalão e petrolão? Não dá para saber, mas é difícil imaginar outros casos de roubalheira na proporção daqueles criados pelos petistas. O primeiro governo de Lula não foi desastroso porque ainda seguia princípios de responsabilidade fiscal herdado do governo anterior, um deles era o tripé macroeconômico. Formado por um conjunto de medidas caracterizada em três pontos: responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante.
Em 2006, na frente do PT, Lula, se reelege presidente da república. Claro, com ajuda de suas políticas populistas, da propaganda e da associação com a imprensa cheia de militantes. Com o monopólio da informação, as grandes mídias conseguiam moldar de tal forma a opinião pública que candidatos verdadeiramente conservadores e liberais nem mesmo eram opções possíveis. De fato, durante um bom tempo, reinou no Brasil o que se chama de Teatro das Tesouras, uma falsa rivalidade entre o PT e o PSDB que apenas fazia parte de um jogo para enganar o público mais leigo, e funcionou. O PSDB sempre foi um partido que defende a existência de empresas estatais e políticas intervencionistas que controlam o mercado, protegendo também grandes corporações que fazem lobby. Esse falso partido de "direita" nunca defendeu o livre mercado de forma concreta, apenas uma social-democracia não tão radical quanto a que Lula e seus aliados queriam.
No meio do segundo Governo Lula, acontece a crise internacional de 2008, porém, devido ao bom período das commodities, inicialmente, Brasil não sofreu tanto devido à crise, apesar das dificuldades econômicas com a diminuição da exportação brasileira. Veja que, não foram políticas econômicas socialistas que fizeram o Brasil se desenvolver na época, mas sim a boa maré da economia internacional que beneficiou o nosso país. Mas se o PT não existisse e o Brasil fosse governado por um presidente pró-capitalismo, teríamos um resultado econômico muito melhor do que o governo Lula obteve, é claro. Afinal, não teríamos tantas empresas estatais endividadas, a inflação poderia ter sido melhor, o país não teria tantos impostos e burocracias, e o Brasil atrairia mais investidores.
No final do segundo governo Lula, o PT consegue eleger a primeira mulher ao cargo, Dilma Rousseff. Que ganha a eleição com uma maioria folgada de deputados federais e senadores apoiando o governo petista. Herdando a economia do governo Lula e devido o cenário econômico da época, a presidente Dilma abandona o tripé macroeconômico, e adota um novo modelo chamado Nova Matriz Econômica. Segundo sua proposta, o objetivo dessa nova matriz era o de estimular a economia com aumento do consumo; controlar a inflação com intervenções nos preços; tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional; permitir o investimento público em obras, o que iria ajudar na redução da pobreza e desemprego. Além disso, podemos citar a expansão do crédito ao BNDES e a redução das tarifas de energia, enquanto o PT insistia em ajudar economicamente seus aliados latino-americanos, as ditaduras socialistas que nos devem até hoje. Claramente, essa nova matriz envolve medidas que ferem as regras livre mercado. Hoje, vocês já conhecem o resultado: tivemos, no governo Dilma, a maior recessão da história e uma taxa de inflação que chegou a bater mais de 10%, gerando uma crise política e social de enorme dimensão.
Então, como teria a estratégia econômica adotada por um presidente diferente caso o PT não existisse? Nunca saberemos de fato, mas poderíamos imaginar como seria. Um político, com um pouco mais de seriedade econômica, não adotaria tais medidas, uma vez que, no curto prazo, poderia até funcionar, mas no longo prazo seria um desastre. O cenário atual só não é pior devido às medidas não esquerdistas adotadas pelo sucessor da Presidente Dilma, o Presidente Michel Temer. Como todos sabem, Temer assumiu a presidência após o Impeachment de Dilma e, em fins de 2018, foi eleito o novo presidente Jair Bolsonaro. O Impeachment da presidente Dilma ocorreu devido as conhecidas pedaladas fiscais, acarretada por uma má gestão econômica, num momento que o PT se encontrava impopular e com tamanha fragilidade devido aos casos de corrupção que começaram a sair na mídia.
Em 2022, tivemos a última eleição presidencial até esta data, a mais polarizada da história, na qual o atual presidente Lula é reconduzido ao cargo de Presidente da República. No seu primeiro ano de mandato do seu terceiro governo, Lula já tomou diversas medidas econômicas que estão levando o país para uma recessão. Entre elas, podemos destacar: uma reforma tributária que aumenta a cobrança de imposto no setor de serviço, setor que emprega o maior número de trabalhadores neste país; fim do teto de gastos; aumento da carga tributária em diversos outros setores, tais como compras de lojas estrangeiras abaixo de 50 dólares, entre outras. Isso sem mencionar as indicações políticas para as empresas estatais, o que acaba com a credibilidade de gestão que tinha sido implementado nessas empresas em governos anteriores.
Atualmente, como seria o Brasil se o PT não existisse, não é fácil de prever, já que existem outros tantos partidos socialistas, como o PDT do Ciro Gomes, que têm péssimas ideias econômicas. Mas, observando outras opções de candidatos à presidência, poderíamos ter um presidente mais focado na economia de forma séria, buscando trazer um mínimo de segurança jurídica e responsabilidade fiscal para atrair investimentos. Com reformas sérias, como a da previdência, uma grande reforma administrativa, reduzindo gastos estatais, e a abolição de barreiras regulatórias e burocráticas no mercado, o crescimento econômico brasileiro seria infinitamente maior. Se o foco fosse criar uma cultura de empreendedorismo e independência financeira com emprego e renda, ao invés de manter as pessoas dependentes do estado com auxílios, a taxa de pobreza com certeza seria ínfima. Além disso, muito do que vemos da violência cotidiana no Brasil que vive batendo recordes - se tivéssemos um presidente contra a bandidagem - não estaria acontecendo.
No entanto, o que podemos dizer aqui é: os incentivos econômicos predominantes numa república democrática, como nos revelou o economista Hans Hermann Hoppe na obra “Democracia, Deus que falhou”, são de curto prazo. Podemos olhar países como os Estados Unidos, o mais próspero do mundo, que nasceu com uma constituição para lá de libertária em vários aspectos. Nesse sistema democrático, a inflação americana só aumentou, crises surgiram, as políticas populistas só aumentaram, e a doutrinação esquerdista nas universidades passaram a ser o novo normal. Ou seja, se nem o estado americano se manteve imune aos malefícios do populismo democrático, por que o governo brasileiro seria tão diferente?
A tendência do estado é sempre crescer, e quando os políticos têm plenas condições de fazer isso acontecer, beneficiando seus aliados com cargos e dinheiro, além de criar novas empresas estatais e políticas intervencionistas, eles irão aproveitar a oportunidade. Se as consequências negativas dessas políticas chegarão num longo prazo, isso não passa pela cabeça de um político, afinal, quem herdará o problema será outra pessoa. Devemos lembrar que a maioria das pessoas são política e economicamente ignorantes e qualquer sistema de voto universal faz com que uma maioria de pobres votem para os políticos compartilhar com eles a riqueza expropriada de outros. O resultado disso é apenas mais dependência para com o estado, e o problema da falta de oportunidades de empreender continua. Cria-se então uma forma de dividir a sociedade entre pobres contra os ricos capitalistas, enquanto o estado rouba essas duas classes e impera sobre todos nós.
Podemos lembrar também das críticas de Murray Rothbard ao conceito da democracia representativa, já que, na prática, os políticos eleitos na maioria dos casos sequer agem pensando nos interesses de seus eleitores. Para o economista americano, poderosos grupos de interesse que fazem lobby, sejam sindicatos ou grandes corporações, consegue exercer uma enorme influência para serem beneficiados pelos políticos. Após a eleição, meu amigo, a sua opinião e seu voto terão peso mínimo perto da pressão sindical e do poderoso lobby dos bilionários. Por isso, o que você deve defender é uma descentralização do poder para sua cidade, para vc ter mais influência de impactar positivamente na política local de onde você mora. Enquanto essa elite continuar encastelada lá em Brasília, vivendo do nosso suado dinheiro e o usando como querem, nunca conseguiremos, de fato, ser representados.
Bem, mas voltando à fala do Lula, se não existisse o PT no Brasil, com toda certeza que o nosso país estaria em uma situação econômica e social bem melhor do que está hoje. Isso porque as universidades e o judiciário não estariam aparelhados por militantes de esquerda, e nossas intuições estariam menos corrompidas. Isso, claro, se nenhum outro partido comunista substituísse o PT. Não que o Brasil teria se tornado uma grande potência econômica ou algo do tipo, mas que é quase impossível imaginar um país pior do que o deixado pelo PT. Afinal, lembremo-nos dos casos de empréstimos de bilhões às ditaduras comunistas latino americanas e da cultura de corrupção deixada pelas gestões petistas. E pior: a mentalidade anti-capitalista divulgada pelo PT criou um exército de defensores do estado grande e socialista, e uma elite de burocratas que tem enormes custos financeiros aos pagadores de impostos.
Mas, com políticos menos radicais que o Lula, e mais prudentes, poderíamos ter tido um resultado melhor na economia, permitindo a geração de empregos e renda se o setor privado não fosse tão onerado. Enfim, é muito difícil imaginar detalhes de como seria o Brasil sem o PT em sua história, mas com toda a certeza seria algo bem melhor do que é hoje. Mas veja pelo lado bom: se o PT não existisse, não teríamos provado na pele o que um governo de esquerda pode fazer, e não teríamos fortalecido os princípios éticos libertários de uma forma tão significativa e ampla.
Para finalizar, deixamos aqui uma famosa frase do economista brasileiro Roberto Campos sobre o PT:
“O PT é um partido de trabalhadores que não trabalham, estudantes que não estudam e intelectuais que não pensam”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_dos_Trabalhadores
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_no_Brasil_em_1989
https://pt.wikipedia.org/wiki/Governo_Lula_(2003%E2%80%932011)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_matriz_econ%C3%B4mica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Collor
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_no_Brasil_em_2002
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trip%C3%A9_macroecon%C3%B4mico