21 Out. 2023
Escritor: QuintEssência
Revisor: Historiador Libertario
Narrador: QuintEssência
Produtor: QuintEssência

Pesquisa do IBGE conclui que estudar NÃO GARANTE RENDA maior no BRASIL

Os novos números apresentados pelo IBGE, a respeito da empregabilidade no Brasil, especialmente no que se refere a pessoas com nível superior de ensino, demonstram o que todos nós já sabíamos. Cada vez mais, ter um diploma universitário não garante renda e emprego para ninguém. E a última década foi especialmente cruel para as pessoas mais jovens que resolveram dedicar grande parte de seu tempo e recursos para se aperfeiçoar, do ponto de vista acadêmico.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo citado IBGE, se compararmos os dados de 2012 com os mais recentes, veremos uma substancial queda no rendimento de pessoas com maior grau de estudo. Jovens e adultos que estudaram pelo menos 16 anos tiveram, inclusive, uma perda salarial superior àquela observada nos grupos com menor instrução. E, de forma geral, houve um considerável aumento na informalidade entre pessoas que estudaram pelo menos por 10 anos.

Os mais estudados também estão tendo perdas salariais em relação aos indivíduos com uma instrução menor. A comparação dos rendimentos de pessoas com 16 ou mais anos de estudo e pessoas que estudaram apenas 1 ano, mostra que a diferença salarial foi drasticamente reduzida. Em 2012, pessoas do primeiro grupo recebiam, em média, um salário 600% superior ao do segundo grupo. Hoje, essa diferença foi reduzida para 350%. Durante esse mesmo período, o rendimento dos mais estudados caiu 16%.

Esses dados nos dão um bom retrato da atual realidade brasileira: temos empregos de baixa qualidade, mal remunerados e, principalmente, pouco produtivos. E, conforme demonstram os números do IBGE, são justamente as pessoas com maior grau de instrução que foram as mais prejudicadas nessa história. Ao longo dos anos, seus empregos se tornam piores, e muitos acabam sendo empurrados para a informalidade mesmo.

É justamente essa a conclusão, inclusive, dos responsáveis por esse estudo. Fernando Veloso, um dos coordenadores da pesquisa, sentenciou: “O ensino superior está dando menos retorno no Brasil; uma novidade muito ruim. É um claro indicador de uma economia pouco dinâmica, com empresas pouco ativas, e com outras mais produtivas que não crescem”. Isto é um fato: com uma economia absurdamente engessada, não há espaço para um crescimento econômico que justifique a contratação de pessoas muito qualificadas. Espaço mesmo, só para pessoas com uma carga de estudos menor.

Mas a coisa, infelizmente, não para por aí. Não apenas os salários são menores: é cada vez mais difícil, para um recém-formado, encontrar alocação em sua área de formação. O índice de desemprego entre as pessoas com nível superior é assustadoramente alto. E também preocupa o fato de que grande parte desses indivíduos acabam trabalhando em outra área, em muitos casos sem qualquer relação com seu nicho acadêmico. E, principalmente, sem necessidade de curso superior.

A explicação para esse fenômeno é formada por vários fatores, que podem ser agrupados em dois grandes problemas. O primeiro deles é o fato de que, de maneira geral, o emprego no Brasil é ruim, por culpa do estado. Por aqui, temos leis trabalhistas completamente engessadas e anacrônicas - coisa com mais de 1 século de existência. Com o atual cenário econômico mundial, dinâmico e altamente tecnológico, coisas como sindicatos e CLT não fazem sentido algum. Porém, aqui no Brasil, essas pragas são tratadas como vacas sagradas, que não podem ser incomodadas.

O resultado disso é que a mão-de-obra no Brasil é cara para as empresas, mas o salário final para o trabalhador é baixo. A diferença entre esses dois pontos reside nos custos trabalhistas - muitos dos quais vão diretamente para os cofres do estado. Mas a coisa vai mais além: o Brasil também é conhecido por ter uma economia pouco produtiva, por conta da sua alta carga tributária, da sua complexidade burocrática e da sua insegurança jurídica. Além disso, o estado brasileiro também é mestre em dar incentivos errados para a economia, permitindo aos empreendedores serem pouco produtivos, para “proteger a indústria nacional”.

O resultado prático disso é que a economia brasileira evoluiu pouco, ao longo dos anos, tendo uma produtividade pífia. Isso, na prática, implica dizer que os salários e as condições de trabalho não irão melhorar. No caso de pessoas com mais instrução, isso se torna ainda mais real: não há alocação na economia brasileira para tantos advogados, engenheiros e outros profissionais de áreas técnicas. Com uma disponibilidade reduzida de vagas, e com mais entrantes no mercado de trabalho, a lei da oferta e da demanda se encarrega de reduzir ainda mais esses salários.

Aí, entra em cena o segundo grande problema: o antigo sistema de ensino já era. Se, no passado, ter um curso superior era garantia de um bom emprego e de uma carreira estável, isso já deixou de ser verdade há muito tempo. Essa história ainda se perpetuou, com a substituição do diploma universitário por pós-graduações, mestrados e doutorados. Porém, como um exemplo bastante recente nos mostra, “trabalhar” produzindo conteúdos no OnlyFans pode ser muito mais rentável do que ter um doutorado.

Hoje em dia, um número cada vez maior de pessoas sai da faculdade com um diploma na mão, mas sem que isso represente qualquer ganho real para suas carreiras. Aliás, não é possível sequer afirmar que, na atualidade, seja possível alguém seguir uma mesma carreira do começo ao fim da vida. O mercado demanda capacidades e conhecimentos cada vez mais variáveis - com a maior parte deles sendo disponível na própria internet. Tem muita gente, hoje, ganhando dinheiro com o YouTube, com o Instagram, ou com o citado OnlyFans. Nenhum desses negócios exige curso superior para remunerar os produtores de conteúdo.

Ainda assim, milhões de brasileiros continuam gastando rios de dinheiro e incontáveis horas de sua vida para obter um diploma de curso superior que, com o tempo, vai se revelar inútil. Porém, antes a coisa parasse por aí: muitos desses universitários carregarão, durante anos, a dívida de um financiamento estudantil que, na prática, não vai se reverter em ganho salarial. Ou seja, o graduado não apenas está ganhando cada vez menos; ele está se endividando cada vez mais para perseguir um nível acadêmico que o mercado já não demanda como antes.

A sociedade, hoje, busca outro tipo de profissional, e olha menos para currículos e diplomas. O mais importante, na atualidade, é ter uma capacidade produtiva maior, ser dinâmico o suficiente para se adaptar às mudanças econômicas, dentre outros fatores mais específicos. De forma geral, contudo, o antigo modelo de negócios não existe mais. Porém, as pessoas continuam recorrendo aos antigos meios para alcançar sua estabilidade profissional.

E muito desse problema se deve à atuação do estado. De forma geral, os governos que se sucedem no comando do Brasil insistem em incentivar o surgimento de um verdadeiro mercado de diplomas. Por meio de bolsas de estudos, programas como o FIES - uma armadilha da dívida para milhões de estudantes - e mesmo através de falas de políticos, o estado brasileiro incentiva empresas e jovens a embarcar nessa história. Diversas empresas de ensino se tornaram verdadeiras fábricas de certificados, com o governo injetando uma grana pesada - como se isso fosse melhorar a economia, de alguma forma.

O resultado dessa brincadeira inconsequente está aí, cristalizado nos números divulgados pelo IBGE. As pessoas que se formaram no ensino superior, ou que buscaram uma pós-graduação, estão mais pobres do que as pessoas nessas mesmas condições, 10 anos atrás. Meu palpite é de que, daqui a uma década, o cenário seja ainda mais cruel para com os formados. E aí, vai restar a grande questão: o que fazer com toda a grana investida nesses cursos superiores? O que fazer com todos os diplomas inúteis que foram impressos e concedidos, a toque de caixa?

No atual modelo econômico mundial, em que a informação descentralizada e distribuída encurta distâncias, vence barreiras de idioma e torna tudo muito mais veloz, é uma loucura investir tanto no antigo método de ensino. Chega a ser utópico acreditar que alunos enfileirados em uma sala de aula, por longos anos, sairão da universidade tão capacitados para o mercado de trabalho, que as empresas sairão no tapa para conseguir esses profissionais. O mais provável é que, ao completar o último ano de seu ensino, os universitários percebam que tudo o que eles aprenderam nos primeiros meses de curso já se tornou totalmente defasado. E esse problema fica muito escancarado quando se trata de cursos da área de TI.

Embora isso possa não se aplicar a um ou outro setor profissional, que ainda demande formação acadêmica, o fato é que essa realidade é praticamente uma regra geral. O estado tem grande parte da culpa nessa história: por um lado, ele torna o mercado de trabalho brasileiro pouco atraente, inclusive para novos investimentos. Por outro lado, ele distorce o mercado de ensino, incentivando, de forma predatória, a concessão de diplomas universitários. Tudo nessa história está errado e defasado. O que o Brasil precisa, realmente, é de liberdade econômica, para que as pessoas possam fazer escolhas mais sensatas e vantajosas para suas próprias vidas, e não percam tempo na bolha universitária.

Como já nos alertou o empresário brasileiro, Barão de Mauá, “O melhor programa econômico do governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem”.

Referências:

https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2023/09/04/internas_economia,1556463/brasileiro-mais-escolarizado-ve-renda-desabar-e-cai-na-informalidade.shtml

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