Reduflação e o fim da econometria

Em tempos de desinformação e fakenews, devemos nos atentar ao principal criador de mentiras: o governo.

Segundo economistas da Unicamp, a inflação significa uma subida geral nos preços de produtos e serviços oferecidos no mercado de uma região ou de um país, que os comercializa em determinada moeda. Então, segundo os colegas do Delfim Netto e da Zélia Cardoso de Mello, a inflação no Brasil seria a disparada geral de preços de produtos e serviços cotados na nossa querida moeda corrente: o Real.


Essa tese tem forte lastro numa abordagem que conhecemos por econometria. Para atribuir um conceito básico, econometria é um conjunto de ferramentas estatísticas que busca compreender os fenômenos do mercado a partir de modelos matemáticos determinísticos e estatísticos.


Portanto, a econometria necessita de dados numéricos para ser amplamente utilizada. As medidas de variação de preço de produtos e serviços ao longo do tempo caem como uma luva nessa visão de mundo, alimentando os modelos matemáticos e permitindo a mensuração percentual de aumento de preços ao longo do tempo. Sensacional não é mesmo?!


O pessoal da escola de Chicago adora econometria e os keynesianos a idolatram! No entanto, ela está longe de representar as verdadeiras causas dos fenômenos que pretende modelar. Ao utilizar dados numéricos, a econometria só enxerga de forma superficial o que já passou e não se preocupa em saber por que passou. No caso do aumento de preços ao longo do tempo, a econometria só pode analisar em termos quantitativos a variação que já ocorreu e não tem como identificar as motivações desse fenômeno.


É como uma pessoa pegar um trem sabendo de onde ele veio, mas sem saber para onde ele vai e nem como ele se desloca… Para quem só quer passear, qualquer viagem agrada, mas para compreender o que é um trem, não basta!


Essa abordagem é típica de quem não se importa com os princípios norteadores da natureza dos fenômenos e procura, através de seus modelos matemáticos, apenas visualizar fatos pretéritos. E, como que num passe de mágica, conseguir adivinhar o futuro! Como se as coisas tivessem a obrigação de continuar seguindo padrões do passado.


Portanto, é extremamente temerário e anticientífico, no sentido de que a econometria desconsidera as razões e os princípios do porquê dos fenômenos que deseja analisar.


Com o devido perdão pelo título sensacionalista, não estamos aqui querendo abolir a análise numérica, muito menos desprezar toda a ajuda que a matemática presta à análise de fenômenos complexos. Não desconsideramos análises gráficas ou de séries temporais e não descartamos o cruzamento de dados numéricos. Mas o fato é que apenas a análise econométrica não supre as necessidades para compreensão do mundo e dos fenômenos que o regem. Fora que Ludwig von Mises já avisava que a econometria nunca poderia modelar a ação humana e que Hayek, a seu tempo, postulou o caráter infinitamente complexo e intrincado das decisões individuais na sociedade.

Nesse sentido, parece mais plausível unir vários métodos diferentes que se complementem entre si e que permitam uma análise cada vez mais profunda e detalhada, que permita um conhecimento verdadeiro e objetivo, aproximando-se de axiomas eternos e imutáveis. Ou seja, dos princípios formadores, dos princípios norteadores, dos princípios fundamentais dos fenômenos envolvidos.


Mas para quem estudou na Unicamp e hoje trabalha na Faria Lima, compreender princípios é perda de tempo. Você que é idiota e fica perdendo tempo com esse negócio de compreender fenômenos nas suas raízes e não sabe ganhar dinheiro! O bom mesmo é fazer Day Trade com ações da Vale e da Petrobras e garantir os altos juros do tesouro nacional.


E, já que você não se importa com nenhum princípio, já que você só observa as causas aparentes dos fenômenos, a inflação realmente se mostra como a subida geral de preços na sociedade. Bingo!


É como que observando a trajetória do Sol no céu, achar que é o Sol que gira em torno da Terra. À primeira vista você imagina que a Terra está parada e o Sol girando. No entanto, ao conhecer os princípios dos fenômenos envolvidos, que no caso se trata da gravitação universal, fica muito fácil compreender que é a Terra que gira em torno do Sol, já que corpos menores orbitam corpos maiores.


Assim, inflação é, na aparência, a subida de preços, mas na raiz é a expansão da base monetária. Prática adotada hoje pelos bancos centrais de basicamente todos os países mundo afora.


Pesquisadores da escola austríaca de economia usam ainda definições mais formais para o fenômeno da inflação, observável pelo lado da oferta ou da demanda pela moeda. Explico: mesmo se não há aumento da base monetária, a perda de interesse ou diminuição de uso de determinada moeda gera sua desvalorização. Portanto, de maneira geral, pode-se dizer que inflação é a perda do poder de compra de uma moeda.

Mas nas mãos de picaretas, leia-se políticos, burocratas e seus asseclas, a palavra inflação desponta como mais um termo da novilíngua estatal, inclusive atribuindo culpa a quem não tem nada a ver com isso - o empresário.

É justamente o caso do fenômeno que chamamos de reduflação.
De maneira geral, reduflação é a manutenção do preço de venda de qualquer tipo de produto ou serviço, mas a deterioração da sua qualidade ou a redução da sua quantidade. Assim, à primeira vista, o consumidor não se espanta com o preço, mas leva para casa um produto menor quantidade e/ou de pior qualidade.


Aí, o pessoal da Unicamp já chama o PROCON para controlar a qualidade dos produtos, colocando a culpa pelo fenômeno da redução na inflação no empresário malvadão. E junto com os especialistas super científicos, vêm os idiotas úteis da esquerda, pedindo de joelhos para o papai Estado fiscalizar os preços, multando o empresário. Veja como, em ambos os casos, a culpa recai no pobre do empresário malvadão. Aqui no Brasil, isso aconteceu na virada da década de 1980 para a de 1990, com os fiscais do Sarney e outras escórias do tipo. Na Venezuela, aconteceu em meados de 2015 e na Argentina, isso foi algo muito recente durante o governo dos Kirchner. Infelizmente, hoje, a redução da inflação volta a bater à porta do Brasil e todas essas podridões tendem a querer sair de seus túmulos sombrios.


Mas veja, a última coisa que o empresário deseja é aumentar o preço de seus produtos! Qualquer pessoa que vive no mundo real sabe que quanto maior o preço de um produto, menor a quantidade de pessoas que conseguem comprá-lo, portanto, aumentar o preço significa diminuir as vendas. Então, o que faz o pobre e sofrido empresário brasileiro? Ele tem que encontrar outras estratégias para não aumentar o preço.


Mas como não aumentar o preço se tudo está mais caro? A mão de obra está mais cara, o imposto está mais caro, a importação está mais cara, o fornecedor já aumentou o seu preço porque morria de fome. Assim, a única alternativa é cortar na própria carne, ou seja, partir para reduflação.


Mas o fenômeno da reduflação ainda significa outro problema nas medidas econômicas de inflação apresentadas pelo governo. Além das maquiagens e dos truques mirabolantes do Marcio Pochmann no IBGE, há um efeito causado pela diminuição da qualidade dos produtos. A reduflação pode chegar a um ponto no qual se torna impossível de ser mensurada. É quando o produto simplesmente desaparece!


Por exemplo, como medir o aumento de preço do leite condensado, se ele praticamente nem existe mais para vender? A reduflação bateu especialmente forte nos lácteos Brasil afora no pós-pandemia. Hoje há de tudo, menos leite! São misturas lácteas com soro de leite que nossos avós davam aos porcos. O doce de leite vem engrossado com amido de milho, sim, meu caro, aquela que sua avó usava para fazer mingau.


E depois esses marxistas vêm falar em evolução histórica, mas que balela! A indústria de alimentos moderna é a prova cabal de que as coisas não evoluem necessariamente com o tempo. Nesse triste caso, elas pioram a olhos vistos.


As constatações que apresentamos aqui nos servem para mostrar o real interesse dos burocratas que nos apresentam esses tipos de dados. Eles querem que acreditemos que a coisa não é tão ruim quanto parece, que não estamos empobrecendo e que o governo está fazendo tudo ao seu alcance para te ajudar, quando é exatamente o oposto! A face do governo é moldada pela mentira e pela enganação, soterrada sob camadas de desinformação, falsa ciência e estatísticas ininteligíveis.


Para quem é rico a reduflação não faz nem cócegas. O pessoal endinheirado tem recursos e muitas maneiras de contornar a perda do poder de compra de seu dinheiro. Todos perdem, mas quem mais perde é o pobre trabalhador, é o micro empresário.


Nessa questão da alimentação, muita gente tem adotado práticas artesanais de preparação de alimentos, que além de mais saudáveis, são também mais baratas. Isso sem mencionar que elas vêm com o benefício de reunir amigos e família em torno de um propósito em comum. É pessoal, só nos resta fazer um angu com essa feijoada.

E para continuar nesse assunto, veja agora o vídeo: “Preço do OVO DE PÁSCOA dispara e ultrapassa os R$ 400, mas de quem é a culpa?”, link na descrição.

Referências:

Preço do OVO DE PÁSCOA dispara e ultrapassa os R$ 400, mas de quem é a culpa?
https://www.youtube.com/watch?v=_w3UPOa4zqE