04 Abr. 2024
Escritor: Marcello Derzi
Revisor: Lord Caligula
Narrador: Lord Caligula
Produtor: QuintEssência

Teorias antieconômicas ganham adeptos na ciência econômica.

Em toda a história da humanidade, a economia tratou do homem, suas ações, e da manifestação destes resultados nas atividades cotidianas da sua sobrevivência.

Ao mesmo tempo, em toda a história, diversas pessoas analisaram toda essa atividade humana de uma forma equivocada. A origem de tal equívoco muitas vezes adveio da análise de resultados, diretos e indiretos, de grandes crises com períodos de fome, doenças e guerras locais ou generalizadas, tais como a primeira e a segunda guerra mundial. Com base nisso, sabemos que a ciência econômica, de todas as ciências que estudam a humanidade, está entre as mais atacadas e deturpadas ciências de que temos conhecimento. Isto se não for a mais atacada.
Neste artigo, vamos elucidar de uma forma simples como essas ideias acabam se tornando teorias antieconômicas ‒ em outras palavras, “Terraplanismo econômico”. Em parte, acredita-se que alguns teóricos realmente cometeram equívocos, mas, por outro lado, nota-se que certamente outros, embevecidos por sentimentos de soberba e arrogância, deixaram-se levar por suas ideologias e seguiram caminhos desastrosos.

A ciência econômica é relativamente nova. Surgiu como ciência em teoria e sistema lógico de demonstrações por volta de meados do século XVIII; porém, a todo tempo segue caminhos ilógicos e autodestrutivos para as sociedades modernas.
A primeira deturpação, ou talvez um equívoco de análise que devemos citar ‒ e aqui tal menção serve como abertura para analisarmos o que o artigo pretende ‒, é a ideia de que a economia é a ciência que estuda a alocação dos recursos produzidos e consumidos por nós. Os recursos, como sabemos, são escassos, o que torna essa interpretação insuficiente, além de induzir ao erro de análise. Essa definição pode ser descrita como uma visão um tanto simplista. Ela reduz toda a análise econômica a uma questão meramente de números e equações de equilíbrio. Isto nos leva a pensar que basta equilibrar o processo produtivo para que tudo esteja resolvido em termos de eficiência econômica, e pronto!, tudo está resolvido. Agora basta viver no paraíso.

No entanto, um pesquisador sensato sabe que a correta definição da economia e sua ciência é a visão de que esse campo estuda o ser humano e suas ações, tanto no campo econômico quanto no campo social. A economia em si estuda os seres humanos, em como estes pensam e agem. Sendo assim, um imenso equívoco seria definir a economia como uma ciência exata que nos mostra modelos de produção e equilíbrio criados para que os humanos sigam suas diretrizes. Na verdade, a economia é tanto uma ciência humana quanto exata. É até mais uma ciência humana do que exata, pois a priori, trata do estudo do homem e suas ações, e não dos números, que são consequentemente o resultado da ação humana.

Em suma, essa definição atribui à economia uma concepção insuficiente para o tamanho da ciência que ela é. Ela reduz toda a ciência econômica a modelos estatísticos e coloca o homem no papel de uma máquina, transformando uma sociedade livre em um lugar frio e sem sentimentos.

Outro grande exemplo de Terraplanismo econômico ‒ e aqui cabe a discussão se este foi um equívoco cometido por teóricos da economia ou algo intencional ‒ é a ideia de como o sistema financeiro deve funcionar na sociedade.

O atual sistema financeiro tornou-se unânime e intocável. Praticamente no mundo todo, as normas de atuação dos países no campo da economia monetária obedecem aos ditames criados e estimulados por estadistas e banqueiros, desde a antiguidade. Ainda no século XVIII, em Estocolmo, na Suécia, foi criado o primeiro banco central, estipulado para frear a atividade bancária comercial da época, que fazia uso das reservas fracionárias de forma indiscriminada e expandia abruptamente seus lucros, além de outras atividades ilícitas. Ou seja, o banco central havia sido criado na Suécia para servir como freio na atividade bancária. Porém, com o passar do tempo, percebeu que, se trabalhasse em conjunto com os bancos comerciais, explorando assim a sociedade e o dinheiro circulante, poderia obter lucros igualmente abruptos aos que os bancos recebiam na prática dessa atividade. Assim, o Estado sendo a autoridade máxima por trás do banco central, tornou-se ele também beneficiário da expansão do crédito gerado com o dinheiro obtido através da reserva fracionária.

A atividade bancária de reserva fracionária é, em si, outro exemplo de terraplanismo econômico, pois trata apropriação indébita como atividade econômica. Juridicamente falando, depósito possui uma natureza diferente de empréstimo. Utilizar parte dos depósitos para fazer reserva fracionária, além de configurar apropriação indébita, gera toda uma distorção da base monetária, causando uma expansão do crédito acima dos níveis de consumo real da demanda da sociedade, inevitavelmente gerando inflação. Todo bom economista ou entusiasta da ciência econômica sabe disto.

Ao permitir essa atividade, os bancos centrais permitiram o enriquecimento ilícito dos bancos comerciais e dos estadistas. Tudo feito através do dinheiro do pagador de impostos, fazendo do estado o maior cliente dos bancos comerciais. Dessa forma, os bancos comerciais expandem o crédito e a base monetária, e o estado e os bancos comerciais absorvem todo o bônus. Inevitavelmente, o ônus sobra para o pagador de impostos, através da inflação gerada neste ciclo vicioso expansionista, criado para sustentar uma casta política e seus compadres.

No fim, o atual sistema financeiro está no topo de uma pirâmide que só não quebra porque nesse trâmite todo é criado um sistema de expansão ininterrupta do crédito e dinheiro. Tal sistema é a reserva fracionária.

Seria possível citar diversas outras teorias, ou práticas econômicas, que são nada mais do que Terraplanismo econômico. Começando com as teorias marxistas, que subverteram completamente a ideia de valor dos bens de consumo, a concepção da renda do trabalho e do capital. Depois, as teorias keynesianas, que defendem que o consumo seja maior que a renda, através da ajuda do crédito, distorcendo completamente a famosa Lei de Say, a qual prega um consumo menor que a nossa renda (sendo renda a saúde financeira e a poupança). As teorias keynesianas definitivamente enterram pessoas e países na miséria, e não na geração de riqueza.

Contudo, os dois exemplos aqui demonstrados são suficientes para notarmos que a ciência econômica sofre bastante com distorções e conceitos equivocados. Em geral, essas distorções da economia guiam a atividade humana para uma direção diferente, caminho este que na história da humanidade tem se mostrado ineficiente. Estadistas tentaram controlar os preços da atividade econômica desde os séculos passados; e, em todos os casos, deu errado. E mesmo com os erros ocorridos e deixados como exemplos para aprendizado, a humanidade não tem sido sensata e não tem dado atenção aos ensinamentos que esses equívocos nos deixam, e segue nesse mesmo caminho. Persistem porque a reserva fracionária tem garantido a sobrevivência de todo esse terraplanismo econômico e o desrespeito com a ciência econômica.

Gritar para que respeitem a “ciência” só não vale quando se trata da econômica. Não se respeita a ciência econômica porque esta é a pedra no sapato daqueles que desejam obter privilégios para enriquecimento ou para benefícios oferecidos pelo Estado: bonificações, acesso a bens de consumo de alto valor e até assistencialismo. Para nós, economistas, o trabalho de desconstruir essas teorias equivocadas é grande. Não sofremos apenas a resistência da população em compreender a economia e abdicar dos benefícios; enfrentamos, também, teóricos e entusiastas que freqüentemente advogam contra a análise econômica de verdade; que alavancam suas ideias torpes por meio do apelo sentimental que seus discursos afloram na mente do brasileiro médio.

Referências:

https://vocesa.abril.com.br/economia/mmt-uma-aula-de-terraplanismo-economico/mobile Esse link foi utilizado para ajudar na elaboração do artigo. Além desse link, utilizei livros, aos quais li, para elaborar o texto. Os livros que serviram como referência são: Moeda crédito bancário e ciclos econômicos de José Huerta de Soto, arrogância fatal de Friedrich Von Hayek, e Ação Humana de Ludwig Von Mises.

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